Brasília – O advogado do ex-secretário geral do PT Silvio Pereira, Iberê Bandeira de Melo, disse que não havia nada a esclarecer no depoimento de Pereira na Polícia Federal. Segundo ele, os delegados responsáveis pelo caso não perguntaram sobre fraudes nos Correios, nomeações na estatal, nem sobre ligações com o empresário Marcos Valério.
"Nada havia a esclarecer. Ele era encarregado de indicação de nomes, fazia a triagem. Era um tarefeiro do PT, não tinha influência. Procurava não ter porque não lhe interessava. Era função dele. Ele não tinha nada a ver com arrecadação", disse. Silvio Pereira prestou depoimento no inquérito que investiga o esquema de corrupção nos Correios. Ele é acusado de intermediar contratos irregulares firmados entre quatro empresas, uma delas, a SMP&B, de Marcos Valério de Souza.
O advogado explicou qual era a função de Silvio Pereira no partido. "Ele não indicou ninguém. Primeiro foram as indicações para composição do governo que era mandada por vários setores, prefeitos e deputados. E a segunda parte que, quando foi feita a base política, vinham pedidos de indicações feitas com outros partidos coligados. Ele apurava, recebia os currículos e mandava para o governo. Era essa a tarefa dele". Iberê Melo disse que Silvio Pereira não foi questionado sobre a forma como as indicações eram feitas. "Ninguém tem interesse nisso", reafirmou.
Ontem (10), em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, no Senado, o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira não desmentiu as denúncias apresentadas por ele de que o empresário Marcos Valério de Souza tinha um plano para arrecadar R$ 1 bilhão em negócios junto ao governo federal. Pereira disse ter certeza que a jornalista que o entrevistou, Soraya Agglege, de O Globo, não inventou nenhum fato que pudesse comprometer a entrevista. Ao mesmo tempo, não confirmou as denúncias apresentadas e também não deu mais detalhes.
"Tenho certeza que a jornalista não inventou nada. E ela também sabe que não mentiu. Pode ter coisas verdadeiras? Pode. Pode ter coisas da minha ficção? Pode", disse ao enfatizar que não leu o texto e não tinha condições de dizer se o teor da entrevista era verdadeiro ou não. No início do depoimento, ele afirmou que sofreu uma crise psicológica e não se lembra dos fatos. "Não sei o que é verdadeiro e o que não é. Não sei de onde tirei isso, se da imprensa, de ter ouvido ou da minha cabeça. Sobre essa entrevista, não vou poder dizer nada. Não tenho certeza do que foi dito".