A exoneração do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
Mauro Marcelo de Lima e Silva, foi publicada hoje (15) no Diário Oficial da
União. A exoneração a pedido do ex-diretor foi assinada pelo presidente em
exercício José Alencar. O cargo será ocupado interinamente pelo atual
diretor-geral adjunto, José Milton.
De acordo com nota do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, o delegado Mauro Marcelo
alegou razões pessoais ao pedir demissão. Em nota recente sobre o depoimento de
um agente da Abin na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o
delegado Mauro Marcelo se referiu aos parlamentares como "bestas feras" e à CPI
como "picadeiro". O fato provocou reação dos integrantes da comissão, que
pediram a demissão de Marcelo, como demonstração de que a opinião do delegado
não é compartilhada pelo governo.
Em nota de esclarecimento divulgada na
quarta-feira (13), a Abin defende que "ao usar a expressão ?bestas feras? no seu
sentido figurado de desumano (Houaiss – dicionário eletrônico – Ed. Dez 2001)
Marcelo buscou ilustrar a situação vivenciada pelo servidor que ficou exposto ao
mundo pela mídia, sem que se considerasse a sua condição funcional e pessoal e,
nesse sentido, usou a expressão ?no picadeiro?".
A nota explica que
profissionais de Inteligência, ao desempenharem suas atividades, necessitam ter
a garantia de que suas identidades sejam preservadas do conhecimento geral. Por
isso, a instituição afirma ter considerado inusitada a convocação do agente
Edgar Lange, responsável por investigar denúncia de corrupção nos Correios, para
depor na CPI. "Os servidores da Abin nem mesmo cogitavam a hipótese de que Edgar
Lange fosse ouvido em sessão pública", diz a nota.
A Abin explica ainda
que ao usar essas expressões o diretor-geral teve o objetivo de levantar o moral
e estimular a união da equipe. "Em nenhum momento houve a intenção de atingir a
imagem dos parlamentares que compõem a CPMI ou o Congresso Nacional", diz a
nota.