O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, irá designar uma equipe policial especial para investigar o caso de adesivos de preconceito racial e sexual que foram espalhados em postes e muros de Curitiba.
A decisão foi tomada durante a reunião com a presidente do Instituto de Pesquisa de Afrodescendência (Ipad), Marcilene Garcia de Souza, nesta quinta-feira, no gabinete do secretário. ?Este é um crime repugnante que deve ser investigado com muito rigor. Vamos procurar os autores deste crime e, inclusive, quem imprimiu os adesivos deve ser autuado?, disse Delazari.
Segundo o secretário, uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) deverá ficar responsável pelas investigações. Além disso, a Polícia Militar também será acionada. ?São eles que estão diariamente nas ruas, que conhecem a movimentação no Centro da cidade e podem impedir que estas mensagens racistas e preconceituosas sejam disseminadas pela cidade, além de pegarem em flagrante quem está participando disso. Não podemos deixar esta prática absurda se disseminar?, afirmou.
A presidente do Ipad entregou ao secretário durante a reunião um ofício com o pedido de abertura de inquérito sobre os adesivos que foram colados neste final de semana na cidade, que fazem menção a homossexuais e negros. ?Vim oficialmente pedir ao secretário uma investigação e tenho esperança que o resultado seja a punição dos responsáveis pelo surgimento de um movimento como este na cidade?.
Segundo Marcilene, cerca de 23% da população curitibana é negra, mas o preconceito ainda é grande. ?Curitiba insiste em dizer que é formada por um povo europeu, e a cultura do Estado sempre teve uma certa negação à cultura da história do negro, mas nós temos uma grande representatividade aqui?, disse.
Discriminação
Na terça-feira, diversos adesivos que traziam a mensagem ?Mistura racial? Não, Obrigado!? e tinham a assinatura ?Orgulho Branco? foram espalhados pela cidade, mas a maioria já foi retirada. O crime de racismo está na Constituição Federal, tipificado na Lei 7.716/89, que proíbe a discriminação de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. A pena pode variar de um a três anos de reclusão e multa; quando propagada por órgãos de comunicação social, a pena sobe para dois a cinco anos.
No mesmo dia em que foram colados os adesivos de racismo, foram espalhados também adesivos contra o homossexualismo, com mensagens como ?Homossexuais afrontam a natureza? e ?Homossexuais molestam crianças?, assinados pelo grupo Frente Anti-Caos.