Os cinco acusados de participação no assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang serão julgados em outubro, segundo decisão do juiz Lucas do Carmo de Jesus, da comarca de Pacajá (Pará). Eles foram denunciados por homicídio qualificado e crime hediondo.
Os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, o capataz Amair Feijoli da Cunha, o Tato, e os agricultores Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, responderão também por agravantes como motivação fútil, crime cometido com promessa de recompensa e meio que impossibilitou a defesa da vítima.
Um juiz pronuncia o réu quando se convence da existência do crime e houver indícios de o autor ser o acusado. Nessa decisão é vedada a análise aprofundada do mérito da questão, tendo em vista ser isso uma atribuição dos integrantes do Tribunal do Júri.
Lucas de Jesus informou que encerrada a etapa das alegações finais e da pronúncia, dará um novo prazo para apresentação de recursos da defesa e acusação, antes de marcar a data de julgamento.
O advogado Eduardo Imbiriba, defensor de Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista, denunciados pelo Ministério Público como executores do crime, disse que não pretende recorrer da sentença de pronúncia. Sua estratégia é apresentar a tese da defesa durante o julgamento.
"Está na Constituição Federal que o juiz natural é o Tribunal do Júri e só vou me manifestar nesse momento", justificou Imbiriba. Para ele, quanto mais rapidamente seus clientes forem julgados, "melhor".
Oscar Damasceno, advogado de Amair Feijoli da Cunha, chegou a pedir ao juiz que rejeitasse a acusação de homicídio qualificado para homicídio simples contra seu cliente, mas não foi atendido. Ele disse que Cunha não participou da trama para matar irmã Dorothy. "O crime só ocorreu em função de disputas de terra envolvendo a missionária", alegou.
Irritado, o advogado Américo Leal, que defende o fazendeiro Vitalmiro Moura, disse não ter sido notificado do prazo para alegações finais. "Vou aguardar o julgamento de um recurso no Tribunal do Pará e depois verei o que fazer." Osvaldo Serrão, defensor do fazendeiro Regivaldo Galvão, contesta a inclusão do acusado entre os que irão à júri. "Não há provas contra ele, que está no processo devido ao clamor público."