Cinco homens presos acusados de envolvimento no furto dos R$ 164,7 milhões do Banco Central, em Fortaleza, serão ouvidos na próxima sexta-feira (28) pelo juiz Danilo Fontenelle Sampaio, da 11ª Vara Federal. Eles estavam numa casa do bairro Mondubim, periferia da capital cearense, com R$ 12 milhões levados do BC, quando foram capturados, no dia 28 de setembro, pela Polícia Federal (PF). A ação contra o BC de Fortaleza é considerada até o momento a maior já realizada contra bancos no Brasil.
Na denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal consta que, em depoimento, um dos acusados, Marcos de França, confessou ter fugido de avião para São Paulo no sábado (6 de agosto) logo depois de o cofre do banco ser arrombado. No mesmo vôo estavam Luiz Fernando Ribeiro, o "Fê", apontado como o financiador do crime e que foi seqüestrado e morto recentemente, Davi Silvano da Silva, que também está preso, e um outro bandido identificado apenas por Moisés.
Ainda segundo a denúncia, o cearense Antônio Edmar Bezerra, um dos cinco acusados, era amigo de Antônio Jussivan Alves dos Santos, o "Alemão", apontado como mentor do furto, e conhecia ainda os bandidos identificados por Moisés, José Marleudo de Almeida, natural do Rio Grande do Norte e que, segundo a PF, seria membro de uma organização criminosa especializada em assalto a banco; e Antônio Artênio da Cruza, o "Bode", identificado pela PF como assaltante de bancos em São Paulo. Em interrogatório à PF, Edmar Bezerra confessou ter trabalhado nas escavações do túnel que deu acesso aos ladrões ao caixa-forte do BC, em dias alternados, com uma equipe de seis homens.
Marcos de França também confessou ter participado das escavações do túnel por cerca de um mês e disse ter sido convidado por "Alemão" para participar do grupo. Davi Silvano da Silva disse que era foragido da Casa de Detenção de São Paulo. Marcos Ribeiro Suppi e Flávio Augusto Mattioli negaram envolvimento no furto milionário, mas admitiram conhecer alguns dos participantes. Segundo eles, os dois teriam chegado de São Paulo no dia anterior à prisão, ocorrida no dia 28 de setembro, e receberam apenas gratificações por ajudar os comparsas.
O juiz Danilo Fontenelle já havia ouvido outros três acusados de participação no furto milionário. Os irmãos José Elizomarte e Dermival Fernandes, donos da revenda "Brilhe Car", onde a quadrilha comprou 11 carros após a ação contra o BC, e o empresário José Charles de Morais, dono da "JE Transportes", que estava em um caminhão-cegonha com parte dos carros comprados na revenda "recheados" com R$ 5 milhões furtados do banco. Elizomarte e Dermival, acusados pelo crime de lavagem de dinheiro, foram liberados depois do depoimento à Justiça e aguardam o andamento do processo em liberdade. Charles continua preso na carceragem da PF, em Fortaleza.