A oposição obteve uma vitória dupla sobre o governo no Senado nesta quarta-feira (16). A CPI do Apagão Aéreo só será instalada amanhã, mas o atraso de 24 horas na abertura do inquérito dos senadores rendeu o compromisso dos governistas em torno da abertura de mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito: a CPI das ONGs. Além disso, foi mantido o acerto que garantiu a relatoria da CPI do Apagão ao partido Democratas (DEM). Isto, apesar de o acordo ter sido selado com base em outro cenário, pelo qual o governo não amargaria duas CPIs simultaneamente.
"Fizemos mais uma concessão à oposição, numa hora em que estamos fortes. Não entendo porque desfazem um acordo e a gente cede de novo", queixou-se o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Mais cedo, os petistas também haviam protestado. A líder Ideli Salvatti (PT-SC) não se conformava com o recuo do líder do DEM, que antes concordara em deixar para o futuro, sem data marcada, a abertura da CPI das ONGs. "Não podemos ficar correndo de um lado para o outro, naquela loucura do corredor de CPIs que enfrentamos na legislatura passada", ponderou Ideli.
O argumento da petista não foi sequer levado à reunião de líderes governistas e partidários com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ontem à tarde. A opção do governo foi manter o acordo selado com a oposição, que dará ao senador Tião Viana (PT-AC) a presidência da CPI do Apagão, e a relatoria ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
"O Tião disse que aceitaria ser presidente da CPI sob a condição de que a investigação se restringisse aos fatos concretos do acidente com o avião da Gol, das causas do apagão e da corrupção na Infraero. Isto, para mim é mamão com açúcar", disse Demóstenes ao final da reunião, ao lembrar que são exatamente estes três pontos que estão no requerimento que pede a abertura do inquérito.