Os negociadores mais credenciados da Organização Mundial do Comércio (OMC) estão se esforçando para salvar a Rodada Doha, depois do fracasso registrado em Potsdam, na Alemanha, quando o esperado consenso não se concretizou.
Países emergentes como o Brasil, interessados na abertura do mercado mundial para produtos agrícolas, terreno em que pode competir em igualdade de condições com os ricos, teria de concordar com cortes de até 60% nas tarifas de importação de bens industriais.
A abertura do mercado agrícola seria acompanhada pela fixação do teto de US$ 16,4 bilhões que o governo dos Estados Unidos distribui anualmente para os produtores rurais, na forma de subsídios.
Tendo em vista a natureza delicada do assunto, os diplomatas envolvidos na discussão assinalam que a palavra final é da competência dos chefes de governo dos países dispostos a pagar o preço da inserção num mercado disputado há décadas.
O mecanismo sugerido pelos mediadores da OMC, ou seja, a abertura do mercado para produtos agrícolas dos países em desenvolvimento em troca da diminuição sensível das tarifas alfandegárias cobradas na importação de máquinas e equipamentos industriais, é uma estrada de mão dupla.
Ao lado do otimismo de alguns, outros contrapõem com a apreensão, embora todos concordem com o reatamento do diálogo interrompido na Alemanha e lembrem que a oportunidade é boa para a proposição de ajustes passíveis de equilibrar o acordo multilateral.