A Secretaria da Saúde mantém 11 veículos para pulverização de inseticida contra o mosquito da dengue na região de Londrina. Essa e outras ações são discutidas semanalmente por representantes da 17.ª Regional de Saúde e de 20 municípios, com os quais é mantida parceria para o combate à doença. Nessas reuniões, são avaliados os trabalhos realizados, índices de infestação do mosquito e são traçadas as estratégias para o combate ao aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
?Também precisamos divulgar a importância do trabalho de prevenção. Afinal, a população é a nossa maior aliada no combate ao mosquito. Sem a participação de todos é impossível combater os focos da doença. O mais importante é não deixar locais suscetíveis ao desenvolvimento do mosquito?, destaca a diretora da Regional de Saúde, Wania Gutierrez.
A secretária de saúde de Londrina, Josemari Sawczuk de Arruda Campos, afirma que as condições dadas aos municípios pela Secretaria da Saúde, através da 17.ª RS, trará bons frutos. ?Há a necessidade de mudança de hábitos, que as pessoas incorporem na sua rotina os trabalhos de prevenção. Precisamos conscientizar todos que esse trabalho é permanente?, avalia. ?A população precisa fazer sua parte. O fator climático está extremamente favorável para a proliferação do mosquito. Chuva e calor é tudo o que ele precisa. Precisamos evitar uma epidemia?, completa Wania.
Ações
A Central de Apoio Logístico de Insumos, da Secretaria de Estado da Saúde, enviou 11 veículos com UBV ? bomba para usar o inseticida contra o mosquito -, e servidores da 17ª Regional de Saúde para realizar os trabalhos com os municípios, sobretudo em Londrina. Cada um dos veículos é capaz de dedetizar cerca de 60 a 75 quadras, dependendo seu tamanho. ?Isso significa um mínimo de 600 quadras por dia, o que equivale a cerca de 10 bairros?, contabiliza Ramos e Silva.
As áreas prioritárias são definidas segundo critérios técnicos, como, por exemplo, locais onde há casos confirmados ou há muitas notificações de suspeita. O educador em saúde da 17.ª Regional, Lincoln Ramos e Silva, que faz parte da comissão de trabalhos, além de integrar as equipes dos veículos com UBV, destaca o planejamento das ações. ?Diariamente definimos as áreas de risco e passamos em todos os locais?, afirma. As principais localidades são das zonas Norte, Sul Leste e Oeste de Londrina. O centro da cidade normalmente é o local trabalhado no fim de semana.
Com relação ao veneno, o educador explica que ele é ?quebrado? em micropartículas pela máquina UBV, o que impede o risco para os seres humanos. Além disso, o efeito dura de 15 a 20 minutos. ?A população entende a importância deste trabalho e não temos tido problemas?, conta. Os trabalhos, além do UBV, são feitos com os agentes da dengue e do Programa Saúde da Família. ?Um complementa o outro. São ações articuladas?, enfatiza.
No último levantamento do índice amostral, ou seja, que aponta o grau de infestação do mosquito, detectou-se que em Londrina grande parte dos criadouros do aedes aegypti está nos vasos de plantas. ?Para isso bastar tomar algumas medidas de prevenção muito simples, como colocar areia nos pratos dos vasos, além de eliminar quaisquer objetos que possam acumular água?, orienta a diretora Wania.
Os trabalhos não são feitos apenas em Londrina. Os demais municípios da 17.ª Regional de Saúde também contam com o apoio do grupo de trabalho. Caso alguma cidade necessite de uma avaliação técnica, uma equipe é enviada e as ações necessárias serão desencadeadas.
Casos
Em 2007, nenhum caso de dengue foi registrado, embora o período e o clima estejam propícios para o surgimento dos mosquitos. Portanto, segundo as autoridades sanitárias, a população deve tomar todos os cuidados necessários. Em 2006, Londrina registrou 29 casos importados (de outros estados) e 44 casos autóctones (contraídos no município). Rolândia registrou oito casos. O Paraná registrou 911 casos.
Segundo pesquisas da Secretaria da Saúde, cerca de 60% das pessoas com dengue são mulheres. Esta situação é decorrente de que muitas ficam em casa, expostas ao mosquito. ?As estatísticas comprovam que o mosquito ataca principalmente durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. A fêmea é que transmite a doença, pois necessita do sangue para reproduzir, enquanto o macho se alimenta da seiva de plantas?, comenta o médico veterinário José Francisco Konolsaisen, coordenador de endemias do Estado.
A doença
O aedes aegypti é o mosquito que transmite a dengue por meio de picadas, quando infectado com o vírus. Os sintomas que acompanham a enfermidade são febre, dor de cabeça, dor no corpo e dor no fundo dos olhos, além de dores nas juntas e manchas avermelhadas na pele. Ao constatar alguns desses sintomas, a pessoa deve procurar um médico o mais rápido possível. O verão é a época de maior proliferação do mosquito.
Os primeiros relatos históricos sobre a dengue no mundo mencionam a Ilha de Java, em 1779. Nas Américas, a doença é relatada há mais de 200 anos, com epidemias no Caribe e nos Estados Unidos. A primeira epidemia com confirmação laboratorial foi em 1982, em Boa Vista (Roraima). No Paraná, o primeiro registro ocorreu em 1994 na região de Umuarama (casos importados). O último grande surto foi na região de Londrina, no verão de 2002/2003, com registro 8.564 em Londrina, com duas mortes decorrentes de dengue hemorrágica.
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