Rio – O mercado financeiro mudou de expectativa em relação ao futuro da Varig nos últimos dias. Nos dois pregões de maio, as ações da companhia aérea acumularam ganho de 169% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

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Hoje (3), os papéis subiram 87% e atingiram a maior cotação desde fevereiro de 2001. "O que o mercado está comprando é a idéia de que o governo irá fazer algo e viabilizar a empresa", afirmou o analista Marco Aurélio Barbosa, da Coinvalores.

O especialista lembra que a Varig é uma empresa em processo de recuperação judicial, ou seja, à beira de uma falência. Por isso qualquer situação que projete uma solução para a crise financeira da empresa irá trazer ganhos para os acionistas. "Houve uma clara mudança de expectativa do mercado sobre a companhia", disse.

A possibilidade de uma ajuda do governo aumenta a especulação com o papel. Há duas semanas, as ações preferenciais da Varig eram negociadas a R$ 0,56. Hoje, o papel está cotado a R$ 4,17. Uma alta de 645% no período.

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Além das ações mostrarem um fôlego invejável, o que também chamou a atenção do mercado foi o grande volume de negócios. Os papéis da Varig movimentaram R$ 45,5 milhões, ultrapassando ações tradicionais, como o do Bradesco (R$ 45,3 milhões) e da Cemig ( R$ 42,7 milhões). No final de 2005, as ações da empresa negociavam menos de R$ 100 mil.

A Varig vem sobrevivendo à crise financeira, apesar da pressão dos credores, como a Infraero e a BR Distribuidora. O processo de recuperação da companhia, elaborado pela consultoria Alvarez&Marsal, prevê a divisão da empresa. Uma delas, sem dívidas, assumiria as operações domésticas da Varig, enquanto a Varig Internacional ficaria com as dívidas e continuaria em recuperação judicial.

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A nova companhia, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), seria leiloada aos eventuais interessados nas operações. Estima-se que o valor de mercado da Varig Doméstica seria em torno de US$ 700 milhões.

Segundo a Alvarez&Marsal, metade do valor que for pago pelo comprador no leilão poderá ser financiado pelo BNDES, que ainda oferecerá um empréstimo-ponte de US$ 100 milhões para manter o funcionamento da empresa nesta fase de transição.