Durou pouco o "rompimento" do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) com o governo. Depois de ter anunciado que faria uma oposição dura contra a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, irritado com a suposta ajuda da administração federal a candidatos petistas nas eleições municipais deste ano na Bahia, ACM voltou a dialogar com o Poder Executivo federal, num encontro ontem (22) à noite, com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no gabinete do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), quando se discutiu fórmulas para se remover os obstáculos à votação do Orçamento da União de 2005.

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Na tradicional entrevista de fim de ano que concede à TV Bahia (afiliada da Rede Globo de Televisão), hoje, o senador do PFL da Bahia, ao falar sobre a reunião, elogiou Mercadante e Palocci, além de quase ter apoiado, publicamente, a candidatura do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) a presidente da Câmara dos Deputados.

O líder do governo no Senado incluiu ACM na audiência do ministro da Fazenda com líderes da Casa para tentar chegar a um acordo com a oposição. O senador do PFL reivindicou do Ministério da Fazenda a criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) que assegure recursos para o desenvolvimento da Bahia. Palocci acenou com uma solução, em março, com a reforma tributária, uma resposta considerada razoável por ACM. "O senador Mercadante tem sido uma figura importante para fazer essa ponte entre governo e oposição e sua habilidade o torna o principal ator do Planalto no Senado", disse.

Magalhães também elogiou a condução da economia do País, mas pediu que os efeitos cheguem até os mais pobres, o que, segundo ele, ainda não ocorreu. Essa pouca preocupação com o "social", conforme o senador, deve-se à "incompetência" da maioria dos ministros de Lula. "Dos 35 ministros, só seis salvam-se", reafirmou, repetindo críticas ao principal desafeto, o ministro da Saúde, Humberto Costa, que estaria "discriminando a Bahia sem ter condições morais para isso".

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Magalhães voltou a qualificar Costa de "vampiro que avançou com seus amigos no problema dos hemoderivados e depois quis jogar isso para o seu antecessor (José Serra, prefeito eleito de São Paulo, do PSDB), o que não colou". O senador criticou o presidente por mantê-lo na equipe. "Se ele (Lula) não o tira, é uma carga à mais no seu pescoço."

ACM aprovou, por outro lado, a escolha de Greenhalgh pelo PT para disputar a presidência da Câmara. "É meu amigo há anos, mas agora surgiu o nome do baiano José Carlos Aleluia (PFL-BA) para disputar e o nosso partido precisa discutir com os governadores, os parlamentares, para tomar uma decisão (a quem apoiar)."

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Uma declaração do senador pefelista surpreendeu os políticos baianos, fortalecendo os boatos segundo os quais ele teria se desentendido com o governador Paulo Souto (PFL), correligionário político.

Magalhães confirmou que pode ser candidato a governador do Estado em 2006, embora tentasse passar a idéia de que apóia a reeleição de Souto. "Meu nome (para a eleição) é do Paulo Souto, mas em política tudo é possível, de modo que se amanhã eu tiver de ser candidato, eu vou", disse, restringindo a disputa no PFL a ele e ao governador da Bahia. "Podemos disputar a convenção ou então, um dos dois será o candidato; nós temos intimidade bastante para (discutir) isso. Um ou outro, evidentemente, há de aceitar (a candidatura), mas meu candidato, na realidade, é Paulo Souto."
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