A polícia afirmou nesta terça-feira (13) que Carlos Eduardo Toledo de Lima, de 23 anos, dirigia o Corsa roubado em que o menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, foi arrastado por sete quilômetros e morreu preso ao cinto de segurança, na zona norte do Rio, há uma semana. Carlos Eduardo nega acusação, mas foi apontado nesta terça-feira por outros três envolvidos no crime, que confessaram participação. Os quatro foram indiciados sob as acusações de latrocínio, quadrilha armada e corrupção de menores, cujas penas somadas podem chegar a 40 anos de prisão.
Depois da acareação dos cinco envolvidos no crime, o delegado Adilson Palácio, da 30ª Delegacia de Polícia, revelou a participação de cada um no roubo ao carro e morte do menino João Hélio. Por esta versão, os cinco suspeitos chegaram ao local do crime no táxi dirigido por Tiago Abreu Matos, com Carlos Roberto da Silva no banco do carona e os outros três no banco de trás.
O táxi parou à frente do Corsa da mãe do menino, Rosa Cristina Fernandes Vieites, no sinal. Foi o menor E. quem, armado, rendeu Rosa, mas quem assumiu o volante do Corsa foi Carlos Eduardo, com Diego Nascimento da Silva, sentado a seu lado. Tiago, assustado, fugiu correndo neste momento, e Carlos Roberto passou a dirigir o táxi, resgatando o comparsa mais à frente. No Corsa, o menor E. ficou no banco traseiro e passou a arma para Diego. Este, no banco do carona, passou a apontar o revólver, ameaçando motoristas que tentaram emparelhar com o veículo roubado, avisando sobre o garoto pendurado pelo cinto. Foi ele quem gritou que tratava-se de um boneco de Judas.
O delegado Adilson Palácio, responsável pela acareação realizada nesta terça-feira, que durou cinco horas, contou que Carlos Eduardo se manteve ameaçador durante o encontro. "O irmão (o quinto acusado E., de 16 anos) foi o único que o inocentou, porque tem medo dele. Carlos Eduardo é o mais articulado, é o cérebro do grupo.
Além dele, chegaram na delegacia às 14 horas Diego, de 18 anos, Carlos Roberto, de 21, e Tiago, de 19, sob escolta da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. Duas horas e meia depois chegou E., de 16 anos. "Tomamos a decisão em conjunto com o Ministério Público porque mesmo os dois que não estavam no carro (Tiago e Carlos Roberto) de qualquer maneira iriam se beneficiar do lucro do roubo", afirmou o delegado Hércules Pires do Nascimento, titular da 30.ª Delegacia de Polícia e responsável pela investigação.
Os quatro acusados com mais de 18 anos tinham sido levados para a carceragem da Polinter no Grajaú, na zona norte, mas acabaram ficando presos na 39.ª Delegacia, na Pavuna, zona norte. Internado provisoriamente no Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador, zona norte, o menor chegou numa ambulância à delegacia. A medida foi tomada para evitar ataques semelhantes aos que ocorreram contra o carro que levou os outros quatro acusados.
No Padre Severino, o menor divide um alojamento com outros quatro infratores e não sofreu agressão, segundo informou a coordenadora das unidades de internação do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas, Regina Alt. Durante a acareação, Carlos Eduardo continuou negando sua participação no crime. Mas a namorada dele, K., em depoimento à polícia, invalidou o álibi do rapaz ao negar que tivesse passado a noite da morte de João Helio com Carlos Eduardo.
Segundo o delegado Capote, Carlos Eduardo, Diego e E. já haviam roubado outros carros anteriormente. A preferência seria por veículos dirigidos por mulheres. "Vamos investigar agora a venda de peças roubadas, porque não nos convenceu a versão de que eles só queriam ficar com os pertences das vítimas." Participaram da acareação Capote, Nascimento, o delegado adjunto Adílson Palácio e o promotor de Justiça Márcio Benisti. Segundo o delegado titular, os acusados responderam friamente e não demonstraram arrependimento.