O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma visita de chefe de Estado a seu colega paraguaio, Nicanor Duarte, com quem esteve ontem em Assunção, capital do vizinho país. Na agenda, uma série de acordos protocolares de incentivo à produção de biocombustíveis e parcerias visando o controle da febre aftosa.
Tirante os costumeiros itens do cerimonial que normalmente é seguido nesse tipo de evento, além dos discursos prenhes de promessas de cooperação e o estreitamento dos tradicionais laços de amizade, sobrou para o presidente brasileiro a hostilidade do principal diário paraguaio, o ABCColor, que no editorial de domingo referiu-se ao Brasil como ?um país imperialista e explorador?.
A razão invocada para justificar tamanha peçonha está no fato de que o Paraguai consome apenas 7 mil MW/ano da energia gerada por Itaipu que lhe pertence por direito, negociando com o Brasil o excedente de 38 mil MW ?a um preço ridículo de pouco mais de dois dólares por MWh?.
Além de imperialista e explorador, reitera o jornal, que o Brasil opera um ?roubo descarado que o povo paraguaio está sendo obrigado a suportar?, em detrimento ?da mentirosa intenção do projeto binacional que serviria para promover o progresso e a integração dos povos irmãos?. Nessa ação predatória, funcionários brasileiros de Itaipu contariam com a cumplicidade de governantes paraguaios ?traidores?.
Nem a mais sentimental das guarânias ou a beleza da arquitetura colonial de Assunção acalmaram o coração de Lula.