Investigações no interior da selva amazônica colombiana podem causar um mal-estar nas relações do governo norte-americano com os países da América Latina. No final de 1998, uma ação da Forca Aérea colombiana contra a guerrilha resultou na morte de 18 civis. Para mostrar seu suposto comprometimento com os direitos humanos, a Casa Branca retirou o certificado de que a Aeronáutica do país respeita os direitos humanos e deixou de enviar combustível para os aviões colombianos.
O problema é que, à medida que a investigação sobre o caso prossegue em Bogotá, fica cada vez mais claro que os colombianos não atuaram sozinhos. Relatos dos soldados que participaram da ação e mesmo artigos publicados em jornais americanos, como o Los Angeles Times, apontam que cidadãos norte-americanos e empresas auxiliaram os colombianos no ataque.
A ação dos colombianos foi contra unidades das Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), perto da cidade de Santo Domingo. Um helicóptero do governo despejou um granada que acabou matando civis. Mas segundo relatos dos pilotos dos helicópteros, os planos de ataque foram feito na sede da empresa norte-americana Occidental Petróleo, em Arauca. Além disso, os aviões usados para a operação foram abastecidos na sede da empresa.
Outra companhia norte-americana que estaria envolvida é a AirScan, que teria dado informações estratégicas sobre o local onde as Forças Aéreas sobrevoariam.
ONU
Diante da pressão de organizações não-governamentais, especialistas da ONU consultados pela Agência Estado reconhecem que poderão pedir para que o governo colombiano faça um relato oficial sobre o que teria ocorrido em 1998, explicando qual teria sido o papel dos Estados Unidos na operação. O caso poderia entrar na agenda da Comissão de Direitos Humanos, que tem sua reunião anual em abril, em Genebra.
Inunidade
Para especialistas em direitos humanos, o caso deixa claro por que é que os norte-americanos insistem em ter um acordo com a Colômbia de imunidade de seus soldados perante o Tribunal Penal Internacional. Segundo as regras da nova corte, qualquer um que cometa crimes de guerra, seja em seu país seja no exterior, poderia ser processado pelo tribunal internacional.
Diante da nova realidade jurídica, os Estados Unidos estão buscando acordos com vários países para não serem obrigados a ter que comparecer diante de um juiz internacional. Segundo esses entendimentos, já assinados com Israel, República Dominicana e Timor Leste, os governos se comprometeriam a não levar à corte os norte-americanos suspeitos de terem cometido crimes.