No dia em que o dólar atingiu a menor cotação desde fevereiro de 2001, o Banco Central deu um sinal claro de que ficará mais imprevisível em suas atuações no mercado de câmbio e poderá ser mais agressivo para conter o tombo do dólar. Em curto comunicado divulgado ontem, após o fechamento do mercado financeiro, o BC anunciou que não avisará mais com um dia de antecedência que fará operações de ?swap cambial reverso?.

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Essas operações funcionam como uma espécie de compra de dólares por parte do BC, só que sem envolver dinheiro vivo. Quando realiza o swap, o BC fica, como contrapartida de sua posição credora em dólar, devedor em taxa de juros. Até ontem, o BC só vinha fazendo operações para cobrir os vencimentos e elas eram sempre anunciadas com um dia de antecedência.

?O Banco Central do Brasil comunica que, dando continuidade à política de fortalecer a capacidade do país de resistir a choques, e tendo por objetivo adequar suas atuações às condições prevalecentes no mercado de câmbio a cada momento, os leilões de swap reverso deixarão de ser necessariamente anunciados no dia anterior à sua realização?, diz o comunicado do BC.

A autoridade monetária não quis dar mais explicações sobre o assunto, alegando que o comunicado ?auto-explicativo? era direcionado especificamente ao mercado e não para o restante da sociedade.

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Na visão de analistas econômicos, o recado implícito no comunicado é de que, além da maior imprevisibilidade, o BC deverá ampliar sua atuação no mercado de câmbio, deixando apenas de fazer a rolagem dos swaps que vencem e colocando mais instrumentos desse tipo no mercado – ou seja, ampliando sua atuação compradora.

Dessa forma, as intervenções no mercado à vista, que vêm sendo cada vez mais agressivas (só ontem, segundo apurou o Estado, as compras teriam ficado em US$ 1,5 bilhão), seriam reforçadas pelo uso mais freqüente e imprevisível dos swaps. Assim, com o BC mais agressivo no lado comprador, a moeda norte-americana poderia reverter o movimento acelerado de desvalorização ante o real.

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Embora tenha sido assinada pelo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, cuja saída foi anunciada esta semana, a medida reforça a interpretação de que a substituição pelo operador Mário Torós marca o início de uma fase de mais sofisticação da atuação do BC no mercado de dólar, com menos previsibilidade.

Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, apesar de ir na direção correta, já que o BC andava excessivamente previsível, a medida é apenas paliativa e não vai mudar a tendência do dólar. ?O BC estava fazendo tudo dentro do programado. Não digo que ele tinha de surpreender, mas não precisava ser tão previsível?, afirmou. Para ele, o BC está comprando muitos dólares para ganhar tempo para que a moeda não chegue tão rapidamente ao nível de R$ 2.