Empresários brasileiros começam a desfiar as contas do rosário de reclamações contra a desinibida ação dos vários grupos espanhóis que têm conquistado nichos importantes da atividade econômica, sobretudo no setor bancário e no controle de uma extensa rede de rodovias federais, que passará a integrar o sistema onde a cobrança do pedágio está implantada.
Uma das queixas em ebulição nos meios empresariais diz respeito a uma provável atitude desleal dos grupos espanhóis, caracterizada pela realização de investimentos fora do país de origem. Empresários brasileiros estariam, segundo o noticiário econômico, ultimando um documento para pormenorizar a situação e, em etapa posterior, encaminhá-lo ao escrutínio do governo federal.
Os cidadãos mais simples, todavia, se questionam quanto à necessidade do referido documento e, mesmo, da preocupação causada nos empresários pelo desembarque cada vez mais aparatoso de grandes corporações espanholas na economia brasileira, porquanto a obrigação inalienável do governo é monitorar o conjunto de sinais captados no intrincado ambiente de negócios, até mesmo para justificar a colossal teia burocrática incrustada na administração federal.
Com razão, os empresários alertam para os últimos grandes lances dos grupos espanhóis, como a compra do ABN Amro Real pelo Santander, o arremate pela OHL de cinco dos sete lotes de rodovias federais concedidas à iniciativa privada, além da aquisição pelo grupo Telefónica da empresa proprietária da TIM.
Presume-se que todas as operações tenham sido cacifadas por vantagens econômicas originárias do governo chefiado pelo primeiro-ministro José Luiz Zapatero. Os analistas reconhecem que o governo da Espanha costuma estimular empresários nacionais à compra de ativos em outros países, especialmente na América Latina, concedendo vantagens que chegam a representar 25% do total do investimento.
A Embaixada da Espanha se limitou a informar que todos os governos concedem incentivos comerciais, mesmo em se tratando de empreendimentos internacionais. O empresariado patrício, porém, rotulou a prática de concorrência desleal e subsídio, exigindo de Brasília uma clara posição quanto à isonomia das empresas brasileiras. O caso pode ir parar numa corte internacional.