São Paulo – O cientista político Fernando Abrucio professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, afirmou hoje que a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada hoje indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem "um piso muito alto e consolidado" para a eleição de outubro. Independentemente de outros fatores, Lula teve 30% das intenções de voto no levantamento espontâneo, contra 23% recebidos em dezembro.
O instituto mostra que o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), tem 11% dos votos espontâneos e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), 4%. Para demonstrar o peso da votação dada ao presidente na espontânea, Abrucio lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha cerca 19% dos votos espontâneos em 1998, quando disputava a reeleição.
Para o cientista político, os resultados do Datafolha confirmam a sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) encomendada ao Instituto Sensus."Os que tentaram desqualificar aqueles resultados têm agora a confirmação", afirmou.
Abrucio destacou dois aspectos gerais da pesquisa. De um lado, a consolidação do desempenho de Lula entre os eleitores mais pobres e com menos escolaridade. De outro, o crescimento dele entre aqueles que ganham mais de dez mínimos e têm maior escolaridade.
"O presidente é um candidato bastante competitivo no Sudeste", destacou, sobre o resultado do levantamento nas cinco regiões do País. Esse aspecto é fundamental porque nenhum candidato a presidente vence se não ganhar em São Paulo.
Para o cientista, de nada adiantariam os votos nordestinos sem o apoio do eleitorado paulista. "Mesmo tendo uma grande parte percentual dos votos vindo do Norte e do Nordeste, Lula é forte no Sudeste, particularmente, em São Paulo", disse.
No Sudeste, Abrucio disse que o presidente terá dificuldades no Rio, mas uma situação mais tranqüila no Espírito Santo. Em Minas Gerais, onde o grande eleitor seria o governador Aécio Neves (PSDB), pré-candidato à reeleição, a situação é mais difícil, o que pode fazer com que Lula mantenha o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, na chapa.
"Minas é o segundo maior colégio eleitoral do País", lembrou o cientista. Abrucio afirmou que o potencial candidato do PSDB deveria dar mais atenção a Aécio do que a Fernando Henrique e ao presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati (CE).
"FHC hoje não tem votos", afirmou o professor da FGV e PUC da capital paulista, completando que Jereissati tem importância relativa no Ceará, onde há uma disputa muito competitiva.