Abel Pereira, o suposto elo do PSDB com a máfia das sanguessugas agilizou a liberação de verbas do Ministério da Saúde para cerca de 50 municípios que compraram ambulâncias superfaturadas. A ação de Abel teria provocado rombo de R$ 4 milhões no Tesouro em 2002, último ano do governo Fernando Henrique. O ministro da Saúde, na ocasião, era Barjas Negri, amigo de Abel
A denúncia foi feita à Justiça por Luiz Antônio Vedoin e seu pai Darci, donos do Grupo Planam e apontados pela Polícia Federal como criadores do esquema de emendas forjadas
Empreiteiro de obras públicas em Piracicaba (SP) e fazendeiro em Jaciara (MT), Abel depôs à PF segunda-feira e negou ter atuado como lobista das sanguessugas. Mas ele caiu em contradições. Uma delas: disse que não era amigo de Barjas
Os depoimentos dos Vedoin apontam em outra direção. Mostram que Abel tinha livre trânsito no gabinete do ministro. Um exemplo é o caso do ex-prefeito de Jaciara Valdizete Martins Nogueira. Em 2002, Valdizete pediu ajuda a Abel para audiência com Barjas. Em duas semanas, o ministério liberou um dinheiro que estava parado havia 1 ano e 3 meses
A PF decidiu interrogar os Vedoin porque avalia como ‘muito graves’ as denúncias que eles relataram à Justiça Federal, semana passada
Darci Vedoin contou ao juiz Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal, que "cerca de 50 municípios foram beneficiados com recursos de emendas liberadas por influência de Abel no Ministério da Saúde". "O contato de Abel no ministério era o próprio ministro, Barjas Negri", declarou Luiz Vedoin. "Abel possuía um bom acesso junto ao ministro.
Segundo os Vedoin, a relação de municípios que Abel apresentou foi preparada ‘em acordo’ com os parlamentares que fizeram as emendas. Ele disse que Abel exigia entre 3% e 6,5% de comissão por negócio realizado. Abel também cobraria 10% sobre novos empenhos que o ministério programava
A PF rastreia depósitos em contas das quais o empreiteiro seria beneficiário. Os repasses foram efetuados pela Klass Comércio e Representações, do Grupo Planam. Luiz Vedoin afirmou que os cheques eram emitidos ‘a título de adiantamento dos empenhos’. Darci disse que se encontrou em 2002 com Abel em um estacionamento da Câmara dos Deputados e ali acertou o valor da propina. Em dezembro de 2002, eles teriam se encontrado três vezes em um hotel em Brasília. Nesses encontros, Abel teria submetido a Vedoin uma planilha com a lista de municípios com os quais o ministério firmara convênios
"Pedi ao Abel que fizesse levantamento dos municípios de Alagoas e Mato Grosso para começar", contou Darci. "A comissão foi paga a Abel, em depósitos e cheques." Segundo Darci, "os depósitos eram feitos em nome de terceiros por indicação de Abel." Luiz Vedoin observou que os pagamentos para Abel foram feitos em favor de Canguru F. Sociedade de Fomento, Data Micro Info, I. Representação Turística Ltda. e Mário J. Martignado. Ele não acusou Barjas de participação no esquema