A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) afirma que as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para estimular o crédito imobiliário, podem ter resultado contrário ao esperado. Mantega anunciou a retirada da TR (Taxa Referencial, que está em cerca de 2,5%) das prestações de casa própria, para criar uma parcela fixa, com juros de até 12 % (anteriormente, eram de 12% mais TR, ou seja, cerca de 14%).

continua após a publicidade

Para o diretor-geral da Abecip, Osvaldo Correa Fonseca, é um erro fixar o teto dos juros em 12% ao ano. "O financiamento com parcelas fixas deve começar com os mesmos juros que temos hoje, de cerca de 14%, senão não vai ser interessante para os bancos e eles vão simplesmente reduzir a oferta de crédito", diz Fonseca. Segundo ele, é só com o tempo e a concorrência que os juros vão cair, e não "por decreto".

Bancos

Antes que o governo federal desobrigue os bancos de usar a TR, as instituições financeiras já demonstram disposição para oferecer produtos que se ajustem à nova medida. Esta semana, por exemplo, o HSBC anunciou uma nova linha de crédito imobiliário com recursos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que prevê juros de 1% ao mês – 12,68% ao ano – sem TR.

continua após a publicidade

A condição para a isenção do indexador é que o mutuário pague a prestação em dia. Caso contrário, a TR é cobrada normalmente. A linha, voltada para a classe média, vale para imóveis a partir de R$ 200 mil. E o valor financiado vai de R$ 100 mil a R$ 400 mil. O empréstimo pode ser pago em até dez anos. "É um produto que está em linha com o governo, que quer estimular a taxa prefixada", afirma Roberto Sampaio, diretor de Crédito Imobiliário do HSBC.

Outros bancos anteciparam a tendência há alguns meses, lançando produtos com parcelas fixas. É o caso do Itaú Prestações Fixas – para imóveis a partir de R$ 60 mil – e do Plano SuperCasa 20, do Banco Santander – para imóveis a partir de R$ 40 mil. Porém, os juros anuais praticados nessa modalidade de financiamento ainda são muito altos.

continua após a publicidade