O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu nesta quarta-feira (4) a renovação do diálogo com o grupo militante islâmico Hamas. O anúncio ocorre após meses de insistência de Abbas para que primeiro o Hamas entregue o controle da Faixa de Gaza – o grupo tomou à força a região há um ano e expulsou as forças leais ao presidente. Os comentários foram feitos hoje durante discurso televisionado de Abbas. Ele pediu o "diálogo nacional para implementar a iniciativa iemenita em todos seus elementos, para encerrar as divisões internas que ferem nosso povo, (nossa) causa". O Iêmen lançou uma iniciativa para reconciliação entre os palestinos.
Segundo Abbas, caso as conversas sejam bem-sucedidas, ele irá "convocar novas eleições legislativas e presidenciais". Abbas venceu as eleições para substituir Yasser Arafat, que morreu em 2004, mas seu partido, o laico Fatah, perdeu para o Hamas nas eleições de 2006. Há um ano, o Hamas tomou a Faixa de Gaza e expulsou as forças do Fatah. Em represália, Abbas demitiu o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, e apontou um governo moderado para a Cisjordânia.
Desde então, o Hamas tem se fortalecido em Gaza, apesar do boicote internacional que mantém as fronteiras dessa região virtualmente fechadas. Com as restrições, os 1,4 milhão de pessoas que vivem na área sofreram grande empobrecimento. Durante esse período de um ano, houve esforços, sobretudo do Egito, para reparar os laços entre os dois rivais, porém sem sucesso. Até então, Abbas resistia a negociar com o Hamas antes de esse grupo devolver o controle da Faixa de Gaza.
Aparentemente, a mudança de idéia tem relação com o fracasso nas negociações de paz com Israel. Essas estão estagnadas e parece improvável que ocorra uma reviravolta até o fim do ano. Também ficou claro que um acordo não pode ser implementado com as condições anteriores, visto que o Hamas mantém o controle sobre Gaza. Ao mesmo tempo, Abbas corre o risco de perder apoio internacional pela súbita decisão de negociar com o Hamas. O grupo islâmico se recusa a reconhecer o Estado de Israel, renunciar à violência e aceitar acordos de paz prévios.