Abbas declara milícia do Hamas ilegal

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, declarou ontem (06) ilegal a milícia do Partido Hamas na Faixa de Gaza, aumentando o impasse com o movimento islâmico. O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, qualificou o anúncio de Abbas de "inapropriado e inútil". Desafiante, o Ministério do Interior, controlado pelo Hamas, anunciou que vai dobrar o tamanho da milícia (conhecida como força executiva) em Gaza, horas após Abbas anunciar que vai considerar a unidade ilegal.

Um porta-voz do ministério, Khaled Abu Hilal, informou que a força executiva (controlada pelo Ministério do Interior) passará a ter 12 mil membros (a guarda presidencial de Abbas tem 3.700 membros). Ele disse que a medida foi tomada "por causa da deterioração da segurança" e das "provocações da corrente golpista", acrescentando que ela não tem nenhuma relação com a decisão de Abbas. Segundo Hilal, a exigência do presidente "é apressada e advertimos do risco de qualquer decisão, que será enfrentada com a força". Pouco antes, Hilal havia acusado Abbas de "dar luz verde aos que buscam derramar o sangue dos membros da força executiva".

Abbas fez o anúncio dois dias após os membros da milícia do Hamas atacarem a casa de um comandante das forças de segurança na Faixa de Gaza. O general Mohamad Ghayeb – líder da Força de Segurança Preventiva, leal ao Partido Fatah, de Abbas – e sete seguranças foram mortos.

Abbas também anunciou uma reestruturação na direção dos serviços de segurança e exigiu do governo comandado pelo Hamas que sua força tome parte dos órgãos de segurança já existentes. "Diante do contínuo caos na segurança e dos assassinatos de nossos combatentes… e diante do fracasso de atuais agências e aparatos de segurança em impor a lei e a ordem e garantir a segurança dos cidadãos, o presidente Mahmud Abbas decidiu fazer mudanças nas forças de segurança e em sua liderança", disse o gabinete de Abbas em um comunicado. O texto não dá detalhes sobre as mudanças.

"A força executiva, seus funcionários e membros são considerados ilegais e fora-da-lei e serão tratados como tal se não se integrarem imediatamente ao serviço de segurança oficial, como estipula a Constituição palestina", acrescentou o comunicado.

O Fatah e o Hamas vêm travando uma luta de poder desde que o grupo islâmico derrotou o partido laico nas eleições parlamentares há cerca de um ano. A disputa está centrada principalmente no controle sobre as poderosas forças de segurança palestinas. Depois que Abbas, eleito em uma eleição presidencial separada, tomou para si o controle das forças de segurança, o Hamas formou no ano passado sua própria unidade, conhecida como "força executiva". Membros da milícia do Hamas são visíveis em toda Gaza e constantemente entram em choque com as forças de segurança pró-Fatah.

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