Rio de Janeiro, 15 (AE) – Os deputados fluminenses Chico Alencar (PT), Denisse Frossard (PSDB) e Miro Teixeira (sem partido) iniciaram um abaixo-assinado para convencer o governo a manter no cargo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa. O manifesto foi lançado hoje (15) em cerimônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro e ganhou a adesão da OAB-RJ, da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e do jurista Fábio Konder Comparato. O documento deve ser entregue o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final da semana.

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Na sexta-feira (12), fontes próximas ao governo confirmaram que Lula já teria decidido pela demissão de Lessa, cedendo a uma pressão que se iniciou logo após a indicação do economista e ex-reitor da UFRJ ao cargo. Durante a semana passada, o presidente do BNDES e seu vice, Darc Costa, concederam entrevistas com duras críticas à política econômica do governo. Para Lessa, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seria o "regente" de uma orquestração para desmontar o banco e entregar o barato dinheiro do Fundo de Amparo aos Trabalhadores (FAT), aos bancos privados.

O manifesto lançado pelos deputados, com 9 linhas, lembra que Lessa "tem se empenhado na reconstituição do BNDES como um banco público de fomento a um projeto de desenvolvimento nacional de geração de renda, emprego e soberania – compromisso do governo Lula". Aponta também os interessados na saída do economista: "Os herdeiros da década neoliberal voltam à carga para que os bancos privados se apropriem da gestão de recursos dos bancos públicos."

O texto indica como causa da pressão contra Lessa a insistência de "forças poderosas do privativismo" em "fazer o BNDES retornar ao seu papel de linha auxiliar do rentismo e estancar suas operações de crédito com custos relativamente baratos." Rentista é quem vive exclusivamente da renda de propriedades ou dinheiro.

Chico Alencar disse que pretende conseguir mais assinaturas para o manifesto em Brasília. Segundo ele, a demissão de Lessa seria "uma sinalização terrível" de que o governo estaria cedendo ainda mais às pressões do mercado financeiro. O presidente do BNDES passou o fim-de-semana em Petrópolis e não foi encontrado para comentar as notícias sobre sua demissão.

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Alencar disse ao GRUPO ESTADO que a demissão de Lessa não é consenso no chamado núcleo duro do governo. "Conversei com o ministro José Dirceu e ele me disse que há alguns conteciosos, alguns problemas, mas que isso ainda não estava resolvido", contou.