Para um governo que precisou arregimentar sua base no Congresso Nacional, a troco de favores e concessões inimagináveis na prática política anterior à chegada ao poder em 2002, não se considera desdouro a presença ostensiva na Esplanada dos Ministérios de alguns convertidos áulicos do ciclo dos generais-presidentes, além de serviçais dos governos Collor e FHC.
Do período em que o País foi governado pelo atual senador José Sarney nem é bom falar, mesmo porque a nação testemunha com indizível estupor a extensão da influência do político maranhense (eleito seguidas vezes para o Senado pelo Amapá), sobre a administração do presidente Lula, desde 2003. Atualmente, a filha do ex-presidente, Roseana, eleita senadora pelo Maranhão pelo antigo PFL, em obediência aos mandamentos da politicalha mais abjeta resolveu fazer seu ninho no PMDB e, ato contínuo, presenteada com o cetro honorífico de líder do governo no Congresso.
Com as tropelias causadas pela atuação canhestra do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que dividia com Sarney o domínio absoluto sobre o baixo clero representado no Senado, garantindo ao governo um confortável equilíbrio na votação de projetos importantes, o quadro mudou radicalmente. A oposição, reforçada pelos independentes do PT e do PMDB, está coesa em torno da tese do afastamento de Renan da presidência da Casa, enquanto os processos por quebra de decoro são examinados.
Nesse contexto de visível crise de identidade moral, o morubixaba de São Luís viu-se forçado a reassumir o papel desempenhado desde os tempos da presidência da Arena, o auto-intitulado maior partido do Ocidente. A primeira das manifestações de mão forte foi a repentina migração do senador Edison Lobão (DEM-MA), um dos históricos escudeiros de Sarney, para o PMDB velho de guerra.
Nas catacumbas brasilienses espalhou-se o boato que Lobão era pule certa para o Ministério de Minas e Energia, onde pontificou até a destituição do também afilhado de Sarney, Silas Rondeau. Aliás, uma questão mal-resolvida nas estimativas de Sarney, porquanto os arcanos rezam que a vaga é de uso exclusivo do enclave governista do autor do emblemático romance Marimbondos de fogo.
No frigir dos ovos, Lobão é voto certo na aprovação da CPMF, ao lado do magote de oposicionistas também picados pela mosca azul. É dando que se recebe…