Após perder duas eleições presidenciais, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) reestudou seus conceitos. Com três governos estaduais de porte – São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul -, definiu o mandato de José Serra como o das grandes obras (tentando cacifá-lo como candidato à presidência), o de Aécio Neves como pacificador (com o mesmo objetivo) e o de Yeda Crusius como o da austeridade, para que fosse o exemplo de recuperação financeira a ser usado na campanha de 2010. Até agora, corre tudo relativamente bem em São Paulo e Minas Gerais, não há contestações a Serra e Aécio.
Mas, Yeda Crusius, ex-ministra do Planejamento e tida como uma brilhante gestora, vem se enrolando em um caso de corrupção atrás do outro. O último foi na semana passada, quando seu chefe da Casa Civil, César Busatto, admitiu, em conversa com o vice-governador gaúcho, Paulo Feijó, que havia desvio de dinheiro do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) para os partidos aliados. A gravação foi divulgada por Feijó (inimigo político de Yeda) e acarretou a queda de Busatto e outros três auxiliares da governadora.
Um dos trechos da gravação é revelador. É quando César Busatto afirma que é contra tal iniciativa e Yeda Crusius também, mas que era inevitável, que era impossível governar sem este tipo de desvio de conduta. É uma afirmação (que não foi negada por Busatto) que coloca em xeque o destino de ?técnicos? que chegam ao poder.
Yeda assumiu o governo do Rio Grande do Sul com a responsabilidade de arrumar o estado após três governos sucessivos do PT, que criaram um rombo nas contas públicas. Tomou medidas impopulares, o que representava um distanciamento da política rasteira. Parecia não agir com populismo, tão comum dos gaúchos, mas sim com correção.
Só que as denúncias dos últimos tempos mancharam a vitrine administrativa dos tucanos.
E podem estar encerrando prematuramente a carreira de uma política que apareceu como diferente neste cenário atual, mas que (por influência do meio?) está se igualando aos outros nas piores práticas realizadas no País.