O tratamento dado ao idoso pouco a pouco vai sensibilizando a sociedade brasileira. Pouco a pouco, mas ainda muito pouco, pois curvados pela velhice, milhares de brasileiros e brasileiras, em número cada vez maior porque a população está envelhecendo, vêm chamando a atenção de algumas organizações e homens públicos para suas vicissitudes.
Já se revelou que a inflação, para o idoso, é maior. E sendo maior, ele tem seus já parcos ganhos mais achatados que os dos mais jovens exatamente quando a idade exige despesas crescentes com medicamentos, planos de saúde, transportes. Enfim, despesas que representam, nos índices de inflação, altas mais expressivas e atingem exatamente quem mais precisa e menos pode pagar.
No Congresso busca-se chancelar, na lei, norma que já vem sendo praticada pela Receita Federal por decisões internas: pagar antes as devoluções do Imposto de Renda para os idosos e, depois, para os demais credores do Fisco. A providência é boa, mas devemos nos lembrar que a maioria dos idosos deste País ganha tão pouco que nem paga IR. Portanto, não tem devolução.
Agora surge um pleito dos mais justos de parte do CNDI – Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. O órgão está encaminhando à Câmara dos Deputados pedido de que o reajuste das aposentadorias e pensões do INSS, que ocorre a cada vez em que se fixa novo salário mínimo, seja para os idosos na mesma proporção paga aos não idosos.
Isto já foi prometido no passado, mas não passou de acenos sem conseqüências práticas. Os aposentados e pensionistas que ganham mais que um salário mínimo do sistema previdenciário público têm seus proventos reajustados só sessenta dias depois, ou seja, são engolidos dois meses da majoração dos seus ganhos. E são dois meses em que há despesas agravadas por inflação. Além disso, percebem majorações inferiores, em percentuais, àquelas do resto da clientela previdenciária. Isto é, de tão injusto e injustificável, absurdo.
A repetição desse inexplicável procedimento vai, efetivamente, achatando os proventos de aposentadoria e as pensões dos idosos que, no final da vida, já se aproximam da condição de miserabilidade, principalmente em se considerando que têm despesas que não afligem tão freqüentemente os beneficiários menos idosos.
No mais, nada justifica que se distinga uns e outros, pagando, em termos reais, menos para quem mais precisa e é mais velho e mais, para quem é mais jovem e, presumivelmente, menos necessita. Tivéssemos um antigo e bem montado sistema de aposentadoria complementar, funcionando há décadas e pagável pelos trabalhadores, e tal problema seria minimizado. Mas isso não acontece. No mais, em tempos de elevado desemprego, não são poucos os idosos que, com seus parcos e achatados ganhos, ainda têm de suportar ou ajudar outros membros mais jovens da família, como filhos, filhas, genros, noras e até netos.
É hora de levantar com vigor a bandeira em favor dos idosos, exigindo que e lhes ofereçam assistência médica através do SUS, medicamentos, transporte e o que mais possa minimizar a inflação que os atinge mais duramente. E que se lhes paguem reajustes de proventos na mesma oportunidade e nas mesmas proporções a que têm direito os demais beneficiários da Previdência.
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