A verdadeira polícia

Que país é este?

Muita gente já fez esta pergunta, mas Francelino Pereira, um deputado mineiro de poucas luzes, que presidia a então poderosa Arena, partido oficial do regime militar, acabou virando o pai da criança. É que uma frase tão contundente, na boca de um vassalo palaciano, provocou uma tsunami na época dos anos negros. Ulisses Guimarães deve ter feito a mesma pergunta milhares de vezes antes de Francelino, mas aquele era da Arena e este era MDB, ?o senhor resistência?.

Afinal, que país é este?

Já dá para dizer que é um país diferente daquele de vinte anos atrás, um país que está entrando nos trilhos. Os frutos da redemocratização, marco que devemos estabelecer a partir da Constituição de 1988, começam a amadurecer. O estado de direito é real, é palpável. E, a partir dele, a cidadania passa a ser plena, com a imprensa livre, o Legislativo revigorado, os tribunais independentes, o Ministério Público ativo e, enfim, até a polícia cumprindo o seu papel na defesa da sociedade. Sim, a polícia, instituição tão atacada e que recebe os aplausos da sociedade, a partir das ações que passaram a freqüentar as manchetes dos jornais dos últimos tempos.

E é sobre o trabalho da Polícia Federal que iremos nos alongar, com o objetivo de dar uma das muitas respostas à indagação que abre este editorial. Citamos este caso de agora, da prisão de integrantes de um esquema de ataque aos cofres da Eletrobrás e Petrobras. As investigações vêm desde 2003. Os agentes federais agiram com extrema cautela, não se precipitaram, foram à Justiça (no caso, a Segunda Vara Criminal Federal) para obter autorização de escuta telefônica e as prisões foram efetuadas com mandados expedidos pelo juízo competente. Nenhuma violência, sem truculência. Como sói acontecer em país civilizado. O trabalho dos policiais foi tão profissional que ensejou uma segunda ordem de prisão aos já presos, graças aos documentos arrecadados quando do cumprimento dos mandados de busca e apreensão.

Ao mesmo tempo em que era desencadeada a operação em Curitiba, outras ações aconteciam em vários pontos do País, contra fraudadores da Previdência, piratas da internet, traficantes de drogas e armas, grileiros de terras públicas, etc. A Polícia Federal é outra, sem dúvida. Uma nova geração de agentes, delegados, peritos e escrivães, formados pela Academia de Brasília, veio reforçar os quadros de veteranos experientes, vocacionados e apaixonados pela profissão. Os maus elementos vêm sendo expurgados da instituição sistemática e exemplarmente. Ainda recentemente, dois delegados e alguns investigadores, lotados numa delegacia do interior paulista, foram presos por corrupção e as imagens acabaram nos noticiários da imprensa. Nada a esconder, que marginal é marginal, não importa o tipo de carteira de identidade que porte. Ao cortar a própria carne, a instituição cresce no conceito e ganha cada vez mais respeito. É assim que a cada dia aquela pergunta de Francelino fica mais fácil de ser respondida positivamente.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo