A teia mafiosa

A Operação Hurricane, batizada inicialmente de Furação pela Polícia Federal, teve o nome mudado para o correspondente em língua inglesa, em face da premonição dos mentores do esforço para desmantelar a máfia dos caça-níqueis, quanto a um possível vazamento de informações por parte de elementos da própria corporação.

Tendo em vista que a nova denominação não ventilou, foi afastada a suspeita da cúpula da PF, passando a dúvida a pairar sobre membros do Ministério Público Federal do Estado do Rio.

Dentre os 25 presos na semana passada, quatro magistrados tiveram a ordem de soltura expedida pelo ministro Cézar Peluso, do Supremo Tribunal Federal (STF), devendo responder o processo em liberdade, até posterior deliberação do pleno.

Trata-se dos desembargadores José Ricardo Regueira e José Eduardo Carreira Alvim, o procurador da República Paulo Sérgio Leal Pereira e o juiz do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo Ernesto Luz Pinto Dória. Os demais continuam encarcerados na Superintendência da PF no Distrito Federal, entre eles o trio-de-ferro do jogo do bicho no Rio, Ailton Guimarães, Anísio Abrahão David e Antônio Petrus Kalil.

A PF apurou indícios do entrelaçamento da máfia com os magistrados agora em liberdade, delegados federais, com a cobertura profissional de inúmeros advogados, levando a investigação a supor a existência de várias liminares autorizando a operação de máquinas caça-níqueis no Rio de Janeiro.

Uma dessas liminares, que teria custado R$ 1 milhão, foi expedida pelo ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), irmão do advogado Virgílio Medina, um dos presos em Brasília, com a finalidade de liberar 900 máquinas apreendidas pela PF em Niterói. A sentença, no entanto, foi cassada pela ministra Ellen Gracie, presidente do STF, a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza.

A exploração ilegal do jogo quase sempre é uma fachada para o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. Nesse caso específico, numa teia criminosa iniciada na Colômbia e com ramificações no Brasil e na Itália. O mal se disseminou tanto que a Justiça será obrigada a cortar na própria carne.

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