O mundo comemorou a libertação da ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, que escapou de mais de seis anos de seqüestro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Foi o final de um calvário injustificável, pois não há interesse político ou econômico que explique a manutenção de uma pessoa no cativeiro por tanto tempo.

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A ação do exército colombiano (com a ajuda implícita dos Estados Unidos) foi bem-sucedida até onde se sabe, libertando Ingrid e mais catorze presos na selva. Em estado precário de saúde, a ex-senadora era um trunfo das Farc, que mantinham-na em cativeiro para barganhar com os governos da Colômbia e da França – ela tem ascendência francesa, e o presidente Nicolas Sarkozy foi o líder mundial com apelos mais veementes pela soltura de Betancourt.

Para as Farc, é mais um duro golpe, depois da perda de alguns líderes e principalmente da morte do comandante Manuel Marulanda e do ?porta-voz? Raul Reyes respectivamente número 1 e número 2 da organização. Os narco-guerrilheiros estão em baixa, não têm mais o apoio internacional (apenas as bravatas de Hugo Chávez, e às vezes nem ele) nem mesmo a simpatia da população colombiana, que não agüenta mais viver sob constante estado de guerra civil.

No dia seguinte ao fato, a discussão que se abre é a da possibilidade de Ingrid ser a grande opositora ao presidente Álvaro Uribe nas próximas eleições. Quando foi seqüestrada, a ex-senadora era candidata à presidência, com chances de ser eleita. Adepta da negociação, pode fazer o contraponto democrático à dureza de Uribe, que quer resolver tudo na força bruta.

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Mas, para Ingrid Betancourt, esta parece ser uma decisão para o futuro. No momento, ela quer apenas ver, reconhecer os filhos que não vê há seis anos e meio, e que foram símbolos involuntários da imposição da força em um país pobre e desesperançado. Que nós, reles analistas de uma realidade crua, tenhamos a inteligência de permitir que uma mãe goze o tempo que quiser o amor dos seus filhos.