A política econômica nunca foi empecilho para a política social, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou há pouco, em discurso na reunião do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), no Palácio do Planalto, que a política econômica de seu governo nunca foi empecilho para a política social. A declaração foi feita em resposta a um duro discurso da conselheira Maria Emília Pacheco, que reclamou da falta de diálogo com o presidente e dos rumos da política econômica.

Em sua resposta à conselheira, Lula reconheceu falhas na área de comunicação do governo e disse que os integrantes do Consea deveriam estar melhor informados para ter orgulho dos avanços sociais alcançados pelo governo.

"É preciso ter cuidado com números e não esquecer que o País ficou 20 anos estagnado", observou o presidente. "É melhor fazer o discurso fácil", criticou. "Não vou entrar em debate de política econômica, mas é preciso lembrar que já tivemos dezenas de políticas econômicas em nosso País e que nunca tivemos, como agora, um conjunto de fatores positivos funcionando ao mesmo tempo".

Ele citou números de aumento das exportações, criação de empregos, superávit em conta corrente e, até, de ingresso de jovens negros nas universidades para rebater as críticas da conselheira.

Ainda no seu discurso, o presidente apresentou dados de um país que chamou de "imaginário" para, depois, acrescentar que se tratava do Brasil. Esse país imaginário, segundo ele, atende, hoje, com Bolsa-Família, a 8,7 milhões de famílias carentes. "É preciso que os companheiros tenham informações corretas", afirmou.

"Agora, temos também de ter dimensão do tempo e a consciência de que não tivemos todo o tempo do mundo para realizar nossos projetos. Nós ainda não completamos 36 meses de governo, mas muita gente acha que estamos há 36 anos no governo" acrescentou.

Representantes da ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Maria Emília, no discurso que antecedeu o do presidente, disse que queria mostrar "a insatisfação" da entidade com a insuficiência de um canal de diálogo com o presidente.

"Algumas vezes, sequer obtivemos respostas às propostas de resoluções aprovadas no plenário do Consea", reclamou ela. "Continuamos preocupados e indignados com os níveis alarmantes de pobreza, insegurança alimentar e insustentabilidade ambiental e juntamos as vozes críticas da sociedade em relação aos rumos da política econômica", afirmou Maria Emília. Tanto Lula quanto a conselheira apresentaram seus argumentos com muita tranqüilidade, sem exacerbação. A reunião do Consea continua, mas o presidente Lula já se retirou.

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