O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participou nesse final de semana, em Washington, da reunião mundial do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, onde fez comentários deveras explícitos sobre o atual momento vivido pela primeira instituição. Mantega afirmou que ?ou o FMI se moderniza e se transforma ou vai cair em desuso, vai se tornar supérfluo, não vai mais servir para nada?.
As colocações do ministro brasileiro, de modo geral, contestam o sistema de quotas do FMI, que a seu juízo deve ser modificado com urgência, tendo em vista a importância crescente dos países emergentes na economia globalizada. O ministro tem razão ao reclamar medidas de modernização da gestão da problemática econômica mundial, inserindo na dinâmica desse contexto os países em desenvolvimento, como o Brasil, embora devesse apresentar suas ressalvas de um modo menos agressivo e auto-suficiente.
Por certo, os analistas da imprensa econômica internacional logo estarão comentando as declarações de Mantega e, acima de tudo, o mérito de seus argumentos. Enquanto isso, o ministro da economia brasileira terá sua exposição garantida ao reivindicar a aceleração – uma expressão em destaque no Brasil – da reforma do sistema de quotas, que se arrasta há um ano e é insuficiente para acompanhar o ritmo das mudanças registradas nos países emergentes.
Mantega também não gostou das projeções do FMI para o crescimento do PIB em 2007 e 2008, respectivamente, 4,4% e 4%, frisando que as estimativas decorrem da leitura equivocada que a instituição fez da dinâmica econômica brasileira. A meta preferida pelo ministro é de 5% para o próximo ano e, confiando no crescimento dos últimos meses, que antecipa a possibilidade de um Natal muito rico no País, no final do exercício a expansão do PIB poderá chegar a 4,8%.
Por outro lado, durante uma solenidade que fez parte da reunião mundial do FMI, o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, recebeu o prêmio ?Banqueiro Central do Ano?, entregue pela revista de economia Euromoney. A justificativa para a homenagem, segundo os organizadores, reside na resistência da economia brasileira e no desempenho de suas reservas administradas com uma segurança que rivaliza com as melhores do mundo.
O Brasil começa a se fazer ouvir nos círculos mais acreditados da economia mundial e esse é um forte indício das transformações significativas que estão em marcha. A nação merece.