Saiu de dentro do governo federal. O Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central (BC), avaliou as reações do mercado para os últimos acontecimentos da economia e apontou que analistas acreditam que a inflação (medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA) passará de 6% – no caso, deve ficar em 6,08%. É o maior índice informado no boletim do BC, pela primeira vez passando dos 6%, cada vez mais perto do limite da meta de inflação, que é de 6,5%.
É o reflexo das pressões externas e internas sobre a inflação. O consumo e a demanda estão aumentando consideravelmente, e a oferta se mantém ou diminui. Além disso, a crise internacional dos alimentos afeta diretamente o Brasil, com reflexos sobre a cesta básica. Especificamente na Argentina, a greve no campo prejudica a produção de soja, milho e trigo e isto certamente afeta os preços por aqui.
Além disso, há uma situação muito natural no mercado capitalista mas que, no País, é tomada ao extremo. Foi só a temperatura baixar que vários preços de alimentos subiram. No caso do feijão e do arroz, a justificativa foi clara: a possível quebra da safra acautelou os produtores. Em resumo, aqui se prevê com antecedência os resultados da produção, e mesmo que corra tudo bem vale o que se decide com antecedência, geralmente aumentando o preço.
E esta ?espiral? prejudica o consumidor final e é nele que se avalia a inflação pelo IPCA. No Brasil, o índice é muito importante na definição de tributos, reajuste de salários e de tarifas públicas. É praticamente uma economia indexada, mas não nos moldes da década de 80.
Mas como a inflação faz diferença, os analistas prevêem muita cautela da equipe econômica. Tanto que, no boletim Focus, foi mantida a previsão de taxa básica de juros (Selic) para o final do ano em 14,25%, mas para dezembro de 2009 subiu de 12,75% para 13%. Neste mundo da economia, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Mesmo!
