A Central de Operações da Polícia Rodoviária Federal havia contabilizado até o final da manhã de ontem, nas rodovias federais do País, o saldo alarmante de 969 acidentes, com 48 pessoas mortas e 545 feridas. Estatística que pode crescer, porque muitas famílias estarão voltando para casa nas próximas horas.
Imprudência, ingestão de bebidas alcoólicas ao dirigir e má conservação das estradas foram os principais elementos desse triste e recorrente cenário de luto e dor. Uma verdadeira crônica de mortes anunciadas.
Segundo a PRF, na temporada de 2005, a estatística de mortes e feridos pode se elevar em 13% em relação ao ano anterior, tendo em vista que dois milhões de novos veículos foram incorporados à frota nacional e, certamente, estão engrossando a torrente do tráfego pelas estradas nos feriados prolongados.
Os números apresentados pela PRF estabelecem o recorde de acidentes, mortos e feridos em rodovias federais, acrescendo a preocupação das autoridades do setor, a cada ano obrigadas a cumprir o dever de liberar informes sobre a quantidade de vítimas fatais na malha rodoviária a seus cuidados.
Apesar das inúmeras campanhas educativas sobre os perigos de dirigir alcoolizado, sob condições atmosféricas adversas, em veículos com falhas mecânicas, o período compreendido pelas festas de final de ano e o Carnaval, assim como os demais feriados longos, têm-se constituído para muitos o encontro precoce com a morte e/ou a aquisição de seqüelas incuráveis.
Resta um paradoxo de difícil compreensão. O clima festivo, de confraternização, lazer e explosão de alegria, assume por assim dizer a horrenda feição de ceifeiro de vidas promissoras, pois é grande o número de jovens sacrificados nesse autêntico altar da inconseqüência.
A pior constatação, no entanto, é que muitos dos que perdem a vida em acidentes rodoviários nos feriadões acabam pagando o preço da imprevidência alheia, ou sendo apanhados – sem a menor chance de defesa – pelos mundéus cavados pelo criminoso estado de abandono da maioria das estradas federais.