A lista de Furnas

O governo Lula continuará por muito tempo ainda expiando as culpas contraídas pelo núcleo dirigente do Partido dos Trabalhadores, sobretudo ante as seqüelas deixadas pela licenciosidade desses quadros no emprego de meios escusos, antes execrados pelo partido, para obter o dinheiro necessário para cobrir os rombos de caixa.

Atirado nessa maré montante de acusações de graves deslizes, quase todos comprovados pelas denúncias do deputado cassado Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB, um dos partidos da base, o governo enfrenta mais um inquietante sobressalto.

Trata-se da rumorosa ?lista de Furnas?, referida dias atrás pelo inesgotável Roberto Jefferson, da qual constam uns 150 nomes de políticos importantes (congressistas, governadores e prefeitos), que teriam sido beneficiados com recursos do caixa dois providenciado pela empresa estatal.

Em entrevista publicada na edição de sexta-feira de O Estado de S. Paulo, Jefferson reconfirmou a existência da lista, embora reconheça não saber se a mesma é verdadeira ou falsa. ?No que me diz respeito é verdadeira, pois eu recebi R$ 75 mil?, reiterou à autora da matéria.

O ex-deputado disse que tudo começou com a visita à sua residência do então diretor de Furnas, Dimas Toledo, indicado pelo PTB. Dimas propôs o acordo mensal de R$ 4 milhões (R$ 1,5 milhão para PT e PTB, respectivamente, R$ 400 mil para as despesas da diretoria do próprio Dimas Toledo e os restantes R$ 600 mil para o ?grupo dos 12? do PSDB). Segundo Jefferson, esse grupo tucano não ortodoxo concordara em ajudar o governo na votação de projetos importantes.

Jefferson aceitou sem problemas a oferenda, mas ficou de consultar o então ministro José Dirceu, suposto avalista do acordo. ?Fechado?, foi a expressão usada pelo chefe da Casa Civil e reproduzida pelo ex-deputado. A cadeia da felicidade só não se concretizou porque o presidente Lula exigiu o afastamento de Dimas da diretoria de Furnas, curiosamente não pela hipotética facilidade de desviar recursos públicos, que provavelmente desconhecia, mas pela ligação do diretor com o governador Aécio Neves.

Segundo o relato, Lula não gostou do repasse de R$ 1 bilhão para o programa ?Luz para Todos? em Minas Gerais, não pelo avanço social conquistado, mas porque o governador omitiu na farta publicidade a participação do governo federal.

A bruxa continua solta nos céus de Brasília.

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