A hora do voto

Não há motivos para mudanças, os resultados da gestão foram magníficos ou a máquina funcionou de modo avassalador? As respostas não são fáceis, mas os indícios avisam que os eleitores de 18 estados assumiram a opção de votar nos candidatos à reeleição e esta é a comprovação da não-existência de argumentos fortes para respaldar a mudança de opinião.

Uma rápida vista d?olhos sobre o mapa do Brasil permite verificar que a distribuição dos estados onde a eleição será decidida no primeiro turno perfaz maciço envoltório em torno dos poucos que terão segundo turno ou deixaram a definição para amanhã. Os indefinidos são Tocantins, Paraíba, Sergipe e Paraná, e com segundo turno irreversível contam-se Pernambuco, Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

As duas surpresas, se é que vale a expressão, são Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde despontavam como francos favoritos para liquidar no primeiro turno os peemedebistas Sérgio Cabral Filho e Germano Rigotto. No Rio, a última pesquisa Datafolha mostrou uma surpreendente reação dos candidatos Denise Frossard (PPS) e Marcelo Crivella (PRB), cuja soma de votos encostou na de Cabral e tirou o pão da boca do pretenso favorito.

No extremo sul, a vantagem de Rigotto (29,2%) foi pulverizada pela resistência encarniçada do petismo não envergonhado como no restante do país, fazendo com que Olívio Dutra chegasse à reta final com 23,4% das intenções de voto, empurrado pelos 19,7% da deputada tucana Yeda Crusius. A tradição gaúcha de eleições disputadas voto a voto está mais viva do que nunca, considerando que o instituto Methodos anunciou ontem uma pesquisa afirmando que Yeda já assumira a ponta.

O outro lance inesperado da temporada registrou-se no Paraná, com o avanço lento e gradual do bloco intermediário puxado pelo senador pedetista Osmar Dias. O último Datafolha mostrou que a soma de intenções de voto em Osmar, Rubens Bueno e Flávio Arns também anulou a vantagem de Requião, tornando improvável garantir o favoritismo virtual do candidato à reeleição.

A esperança dos oposicionistas é galgar alguns degraus a mais até o momento da abertura das seções eleitorais e rezar para que numerosa parcela de indecisos tenha aproveitado as últimas horas para uma comparação aprofundada das propostas – essa é a característica desse eleitor – e optado por um deles. O esforço feito durante a campanha pela trinca de oposição, apesar das parcas evidências de registro por parte dos eleitores, somente agora produziu algum efeito mensurável.

Não é fato inusitado que uma eleição seja rigorosamente decidida no dia e este é um quadro bastante verossímil no Paraná. Portanto, se houver segundo turno estaremos diante de uma decisão criteriosa do eleitorado e é este, com certeza, o único valor a ser exaltado sobre os demais. Os candidatos cumpriram o ritual de expor idéias, não obstante a costumeira carga de ilusão embutida no discurso marquetológico. O eleitor, por sua vez, analisando as propostas de cada postulante e as condições reais para sua viabilização, imprimirá sua resolução nas urnas eletrônicas.

Este é o feito magnânimo da democracia que o lobo Churchill crivava de defeitos, mas defendia com unhas e dentes.

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