O ex-secretário-geral PT Sílvio Pereira procurou hoje, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, desvincular-se das operações de empréstimos do partido, em resposta ao deputado Carlos Abicail (PT-SP). "A gente discute o balancete em valores globais", disse. Segundo Pereira, não se debatia nas instâncias partidárias os contratos, quem era avalista ou não.
"O PT funciona na relação de confiança", afirmou. "Não se discute contrato nas instâncias partidárias", repetiu. Ele disse que não participou da equipe de transição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas acrescentou que recebia algumas tarefas da coordenação.
Pereira citou, por exemplo, um pedido feito pelo secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República, Luiz Gushiken, para que ele trabalhasse num sistema de gerenciamento de indicações.
Essa estrutura, conforme o ex-secretário-geral do PT, consistia num banco de dados para receber designações de dentro e de fora do partido, com informações sobre órgão, cargo, função legenda e requisito.
Segundo Pereira, cerca de 500 filiados tiveram acesso a esse sistema, que reuniu dados sobre cerca de 5 mil candidatos. O ex-secretário-geral afirmou, que concluído esta atividade, entregou-a a Gushiken.
"Depois disso, as pessoas começaram a me procurar achando que era um processo seletivo. Não tinha processo seletivo nenhum." Pereira afirmou que depois soube que essa coleção organizada de dados foi remetida aos ministros como uma base referencial.
O ex-secretário negou conhecer ex-dirigentes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), como o ex-chefe do Departamento de Administração e Contratação de Material da estatal Maurício Marinho, o ex-diretor de Administração Antônio Osório e o ex-presidente João Henrique. "Em hipótese alguma", afirmou Pereira, todas as vezes em que era questionado sobre se conhecia ou teria participado da nomeação de Marinho, Osório e Henrique.
O ex-secretário garantiu que não participou da coordenação da campanha presidencial de Lula. Pereira informou que fornecia à coordenação algumas análises eleitorais nos Estados porque era secretário de Organização do partido.
O ex-secretário confirmou que participou de reuniões com outras direções partidárias para discutir indicações. "Lembro das reuniões", declarou, mencionando os dirigentes do PTB, como o ex-presidente nacional da legenda Antônio Carlos Martinez, o presidente nacional licenciado, deputado Roberto Jeferson (RJ), do PL, como o presidente nacional, deputado Waldemar Costa Neto (SP), e do PSB, como o líder na Câmara, Renato Casagrande (PSB-ES).