A função social do cadáver

A princípio parece macabro este título não é mesmo? Mas, o que você quer ser quando morrer? Estranho, não é?

Vejamos as opções:

Você poderá ser consumido pelo processo normal de decomposição da matéria orgânica, devorado pelos vermes caso resolva ser sepultado, como é o costume entre nós.

Ou, parte da sua matéria orgânica poderá ser transplantada e colocada em funcionamento no corpo de alguém que está neste momento agonizando na fila de espera por um transplante de fígado, rim, córnea ou qualquer outro órgão vital e continuar a ser útil para preservação de uma ou mais vidas humana.

E mais, o seu corpo poderá ser objeto de pesquisas no departamento de anatomia em uma das muitas universidades de Medicina constituindo-se num instrumento hábil para o desenvolvimento e aprimoramento das pesquisas científicas em busca da cura de moléstias para as quais sequer temos ainda solução, além de constituir-se em objeto para aulas práticas nos laboratórios de medicina destas universidades contribuindo para o avanço das tecnologias nos cursos de Medicina.

Nos Estados Unidos os cadáveres são utilizados para testar coletes à prova de balas; para testar o funcionamento de cinto de segurança e fabricação de airbags nas indústrias automobilísticas; na simulação de impactos de acidentes de automóveis em que o corpo do acidentado é arremessado pelo pára-brisas do carro ? são os cadáveres dublês. Eles fazem coisas que nenhum humano seria capaz de fazer. É uma função exercida pelo cadáver em prol da sociedade, uma função social do cadáver.

Veja quantas oportunidades você tem de continuar sendo mesmo depois de morto.

Caso descarte a primeira opção enumerada procure um cartório mais próximo e declare o seu desejo.

O meu cadáver será peça importante e cumprirá algumas funções em prol da sociedade, ato que em vida sou incapaz de cumprir.

Digo-lhe que já fiz a minha opção e já comuniquei à minha família, serviço pelo qual o cartório não me cobrou nenhum centavo.

Trata-se de uma declaração pública, simples, feita em cartório, que diante da relevância do ato não é cobrado nenhum tostão.

É pra se refletir!

Marly de Fátima Frítola é formanda em Direito – Faculdades Integradas Curitiba.

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