A farra do jegue

No exato momento de justa e geral reclamação das organizações empresariais e de classes quanto à gastança dos governos, especialmente o federal, classificada pela imprensa como lídima farra do jegue, surgem rumores da criação de mais treze estados e três territórios federais.

Além do descalabro, estamos diante da enésima demonstração de irresponsabilidade legislativa a ser prontamente combatida com o mais enérgico não proclamado neste País, nos últimos tempos. A sociedade deve assumir posição intimorata e bradar: a medida não passará!

A Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional poderá decidir hoje a realização de plebiscitos para a criação do Território de Marajó e outros dez estados. A criação do território está prevista num decreto legislativo do deputado pepista Benedito Dias, já com parecer favorável da relatoria.

Por sua vez, o deputado José Roberto Arruda, senador renunciante por envolvimento na violação do painel eletrônico, quer plebiscitos para a criação de mais três estados.

Assim, Mato Grosso poderia ser dividido nos estados do Aripuanã e do Araguaia, e o Pará daria espaço para os estados do Xingu, do Tapajós e Carajás. O Amazonas, por sua vez, seria retalhado para abrigar os estados do Rio Negro, do Solimões, do Uirapuru, do Madeira e do Juruá. A farra vai adiante com a projeção dos estados de Maranhão do Sul, do Rio São Francisco, Gurguéia, São Paulo do Leste, Minas do Norte e Triângulo. De cambulhada seria recriado o Estado da Guanabara.

Imaginemos, num país que não consegue resolver os problemas de saúde e segurança pública, o volume irrealista dos gastos de implantação da estrutura físico-administrativa dos três poderes, com a farândola de palácios, centros cívicos e edifícios suntuosos exigidos pelas novas elites arvoradas da missão de ocupar o governo, as assembléias legislativas, os tribunais de Justiça e de Contas, além dos milhares de servidores contratados.

Enfim, mais uma conta que o irrealismo fantástico da política brasileira pretende espetar no lombo dos contribuintes.

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