A CPI do Banestado

Para nós, paranaenses, não é agradável o alarido que se faz em torno do escândalo Banestado, que já deu CPI estadual, CPI federal, inquérito na Justiça Federal e prisões de funcionários e ex-dirigentes do Banco do Estado do Paraná.

O Banestado pertencia ao governo do Estado, portanto, ao povo paranaense, e sua privatização, com a compra pelo Banco Itaú, teve e ainda tem forte oposição. Denunciadas, depois dessa privatização, as remessas de dólares para o exterior, em quantia que seria de astronômicos 30 ou 40 bilhões de dólares, se não mais, ficou a impressão de que os que desejavam a privatização queriam esconder o envio escuso de divisas. Escusa também a origem desse dinheiro. E que envolvidos estariam funcionários, empresários, chefes do crime organizado e, inclusive, se não principalmente, políticos. O Brasil teria sido sangrado em suas economias e o instrumento para isso teria sido o Banestado.

A CPI do Banestado, que corria na Câmara dos Deputados e, de repente, parou de trabalhar, por denúncias de vazamento de informações e desentendimentos entre o presidente e o relator, acaba de ser reativada, para ser, em seguida, encerrada, com relatório não concludente, o que aumenta as suspeitas de que algo de podre querem esconder. Apontar os crimes que estariam nas remessas de divisas e os responsáveis, os criminosos, não está nas cogitações dos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito. Acabará em pizza, sem os valores efetivamente enviados de forma ilegal, a origem escusa de grande parte desse dinheiro e quem se beneficiou, usando de prerrogativas ou apoios políticos.

O encerramento dessa forma da CPI deixa no ar uma densa nuvem de desconfianças, cobrindo dezenas, se não centenas de pessoas influentes do mundo dos negócios, da administração e da política brasileiros. É de se esclarecer, entretanto, que esta não é CPI do Banestado, pois o banco oficial do Paraná, agora privado, foi apenas um dos vários bancos, parece que em número de cinco, autorizados pelo Banco Central a fazer remessas superiores a dez mil dólares para o exterior sem justificativas, pelas contas denominadas CC5. Esclarecer também que enviar dinheiro ao exterior nem sempre é ilegal. Ilegal é mandar dinheiro de origem escusa e forma proibida, o que deve ter acontecido, mas não em todas as remessas.

Muita gente enviou dinheiro legal e legitimamente, não raro para pagar estudos de filhos ou para bancar negócios realizados fora do País. É preciso levar as investigações até o final, identificando o que foi legal e o que foi ilegal; quem agiu dentro da lei e quem infringiu as normas estabelecidas. Isso para que não se pense, como vem acontecendo, que 30, 40 ou mais bilhões de dólares emigraram sub-repticiamente, empobrecendo o nosso País em proveito de um bando de malandros. Saber-se quanto foi, o que era legal e o que era ilegal e quem é ou não criminoso, é essencial.

E esclarecer-se, desde logo, que o Paraná tem tanto a ver com essa estória quanto outros estados; e o Banestado, tanta responsabilidade quanto outros bancos que realizaram tais operações. Não é questão de inocentar o Banestado e os paranaenses envolvidos, mas sim não permitir que um escândalo desse tamanho seja debitado, equivocadamente, ao banco estatal paranaense e exclusivamente a nossos concidadãos.

A verdade é o que interessa.

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