A corrida ao etanol

A Organização para Co-operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), instituição que engloba os governos dos países mais ricos do mundo, está convencida que o Brasil tem a seu favor o invejável cacife para produzir etanol de forma viável do ponto de vista econômico.

Com base em projeções de caráter técnico, a OCDE também trabalha com a informação de que na altura de 2016, daqui a pouco mais de oito anos, o Brasil estará produzindo 44 bilhões de litros anuais do combustível derivado da cana-de-açúcar, representando um acréscimo de 145% sobre a produção do ano em curso.

Essa operação logística e financeira, mesmo com os reflexos inevitáveis advindos da incorporação de novos espaços para o plantio da cana-de-açúcar, base para a produção do etanol brasileiro, terá impacto relativo sobre o crescimento da quantidade de matéria-prima. Mesmo assim, a produção deverá aumentar cerca de 120% no período pesquisado, com a destinação de 60% do total da cana colhida para a elaboração industrial de etanol.

A principal vantagem da produção brasileira de etanol, apontada pela OCDE, diz respeito à dispensa do pagamento de subsídios aos produtores, enquanto países ricos como Estados Unidos e União Européia estão premidos pela contingência de transferir recursos na forma de subsídios agrícolas para a produção de etanol e biodiesel. Segundo as análises, isso ocorre em função da baixa competitividade dos países citados nesse campo específico.

O etanol norte-americano é produzido a partir do milho, cuja produção cresceu 50% em 2007 e deverá dobrar até 2016, chegando ao volume físico de 110 milhões de toneladas. Nos países europeus o consumo de etanol e diesel vai aumentar 170%, havendo necessidade de importações e maior demanda de matérias-primas.

A áspera batalha que começa a se desenhar exigirá esforço e competência. Já a partir de 2008, os Estados Unidos tencionam incentivar a produção doméstica de etanol com investimentos superiores aos gastos com subsídios agrícolas. Isso demonstra de maneira cabal a importância política e econômica, ademais do significado estratégico de um sistema organizado para a produção de etanol.

Não será por outro motivo que o Brasil figura hoje com destaque na agenda do grande investimento transnacional. Cabe ao governo estabelecer normas rígidas para coibir quaisquer indícios de exploração predatória.

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