A carta roubada

A semana promete ser das mais agitadas para o presidente da República. Indisfarçável o mal-estar causado pelo inquérito instaurado para investigar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a movimentação da Procuradoria Geral da República para enquadrar na mesma rigidez o ministro Romero Jucá, da Previdência Social.

O procurador Cláudio Fonteles, uma das melhores cabeças do governo federal, tem pouco menos de 45 dias à frente da instituição e se dispõe a aproveitar o tempo girando a metralhadora para todos os lados, deixando ao sucessor um número recorde de servidores públicos processados.

A mais recente dose de infortúnios tragada pelo presidente foi a denúncia de corrupção deslavada e sem-vergonha – para dizer o mínimo – operada na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, por uma quadrilha supostamente ligada ao atual presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ).

A fraude foi descoberta por empresários ainda não identificados que gravaram a conversa com o ex-chefe do departamento de compras dos Correios, para inteirar-se do esquema de propinas imposto a todos quantos querem se tornar fornecedores do órgão.

A denúncia se comprova quando o vídeo mostra o diretor Maurício Marinho, afastado da função, embolsando com a mecânica perícia de traficante de esquina um maço de três mil reais, reles adiantamento das negociatas que viriam mais tarde.

Marinho não se negou a dar o nome do suposto chefe da gangue da ECT. Aliás, com a intimidade só permitida a pessoas que se conhecem bem, o diretor apodou de ?doidão? o antigo palafreneiro de Fernando Collor de Melo, cuja silhueta gordíssima notabilizou-se nas sessões da CPI que desbancou as artimanhas do inquilino da Casa da Dinda.

Pois hoje esse deputado é assíduo freqüentador do Palácio do Planalto, responsável pelo preenchimento de mais de dois mil cargos na estrutura do governo federal, dentre os quais o diretor da ECT.

Lula não parecia tão inocente, a ponto de achar que a sustentação política de seu governo seria conseguida na base do puro amor à pátria.

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