Acontece neste momento, em São Paulo, uma disputa que terá reflexo na eleição à Presidência da República, em 2010. Geraldo Alckmin e José Serra se engalfinham pela liderança do PSDB tudo por conta da eleição municipal de outubro. Alckmin, hoje sem mandato, quer ser o candidato tucano à Prefeitura da capital paulista, enquanto o governador daquele estado, Serra, quer que seu partido apóie o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM).
No fim de semana, um novo capítulo nesta história. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ?oráculo? dos tucanos, declarou em entrevista (ironicamente, para o ex-secretário de imprensa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Kotscho) que apóia a iniciativa de Alckmin indo de encontro ao pensamento do, querendo ou não, tucano mais importante, que é José Serra.
Por conta dessa cisão, que é notória desde a saída de Ciro Gomes do partido, em 1996, o PSDB não consegue se afirmar como alternativa visível à sucessão de Lula. Em 2002, Serra e o hoje senador Tasso Jereissati brigaram pela indicação do partido para ser o candidato à Presidência. Perdeu. No último pleito, Serra e Alckmin começaram a se estranhar. Alckmin, então governador de São Paulo, bateu o pé e saiu candidato. Perdeu.
Agora, Serra é o candidato natural, pois é o líder nas pesquisas. Mas sua atuação na sucessão paulistana, apoiando um candidato que patina (Kassab) contra o que é favorito (Alckmin, que poderia encarar Marta Suplicy), pode minar seu apoio nas bases tucanas. Para aumentar a crise, FHC defendeu que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, seja nome lembrado pelo partido.
É um passo planejado. Fernando Henrique sabe que Aécio está sendo atraído para a órbita do PMDB, sob os auspícios de Lula. Ao mesmo tempo, reafirma sua força ao tentar ?emparedar? Serra. E abre espaço para quadros mais jovens, o que beneficia indiretamente o prefeito de Curitiba, Beto Richa.
Mas quem festeja toda essa cizânia no PSDB é o PT, que pode ganhar quase que de presente o terceiro cargo mais importante da nação.
