A afirmação do ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, de que o Brasil deveria desenvolver a tecnologia nuclear, caiu literalmente como uma bomba na opinião pública. Equívoco? Não sei. Mas, com certeza, um erro crasso quanto às prioridades de sua pasta no governo Lula.
Nosso País precisa de estímulo à produção científica. Na Espanha, por exemplo, existe uma fórmula que o governo federal aplica em universidades e empresas: I (Inovação) + D (Desenvolvimento). Talvez, essa simples fórmula deveria ser a prioridade do nosso novo governo. O Brasil é uma nação privilegiada quanto a talentos dentro e fora do mundo acadêmico. Basta ver as principais empresas e universidades de todo o mundo que se constata isso.
E por que eles dão mais certo no exterior? A resposta é simples: falta uma política de incentivo adequada para a inovação, comprovação e desenvolvimento tecnológico. Outro defeito, que o Brasil está anos-luz atrasado em relação a países desenvolvidos, é um amplo programa de integração das universidades, que produz o conhecimento, e as empresas, as quais aplicam e 0transformam em produto. Em virtude disso, o mercado externo os absorve com melhores salários e oportunidades.
Me parece que essas duas vertentes estão esquecidas pelo nosso ministro Amaral, que foi indicado apenas por compromisso político, não foi levado em conta que nessa pasta o ideal seria uma pessoa de larga experiência no segmento. Espero, pelo menos, que os assessores diretos do ministro sejam técnicos e que orientem qual a melhor forma para que a simples fórmula espanhola seja aplicada no governo Lula.
A Ciência e a Tecnologia são componentes fundamentais para o desenvolvimento do nosso País. Quem sabe esteja nesses dois fatores a fórmula ideal para que o tão badalado programa Fome Zero possa dar certo. Basta apenas dar respaldo financeiro, moral e de credibilidade para que as instituições acadêmicas e o setor produtivo possam levar a cabo a idéia.
Por outro lado, até agora, o Ministério de Ciência e Tecnologia está sendo colocado em segundo plano pelo novo governo. Em princípio, talvez, o Brasil tenha problemas maiores nos campos econômico e social. O que não pode acontecer, porém, é que a nação fique refém desses dois pontos por quatro anos, abdicando das outras pastas, que deveriam ser mais valorizadas, desde já.
Apesar de parte do esquecimento do poder, o Brasil continua sendo um dos principais inovadores científicos e tecnológicos do mundo. Somos um País privilegiado quanto a dedicação e talentos. A nação está envolvida nos principais trabalhos de pesquisas internacionais. E com um papel de destaque. Mas esse esforço muitas vezes não é reconhecido. Esperamos, contudo, que tanto o governo Lula quanto a administração estadual de Roberto Requião dêem o verdadeiro valor para tal ministério e secretaria, respectivamente.
No Paraná temos o Tecpar, que abriga dezenas de profissionais e estudiosos da mais alta estirpe. E deles podemos absorver dezenas de soluções e idéias para o desenvolvimento e a alavancagem econômica de nosso Estado, que foi deixado à mingua pela administração anterior. A fórmula é simples: I+D.
Anselmo Meyer (reporter2@parana-online.com.br) é editor de Cidades em O Estado.