O PSDB enfrenta uma crise de identidade por conta da espada de Dâmocles suspensa sobre a calva do senador mineiro Eduardo Azeredo. A angústia decorre da espera pelo relatório do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, sobre as conclusões da Polícia Federal sobre o funcionamento do caixa 2 da campanha frustrada do ex-governador pela reeleição, em 1998.
Na ocasião, os préstimos de Marcos Valério de Souza foram utilizados pela coordenação financeira em busca de recursos, que eram obtidos por meio de empréstimos bancários negociados pelo publicitário, usados inclusive para custear gastos da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso.
O chamado mensalão mineiro foi municiado pelos empréstimos tomados pelas agências pertencentes a Marcos Valério junto aos bancos Rural, BCN e Cidade, para serem repassados aos principais operadores da campanha. Mais tarde, os empréstimos foram quitados pelo recebimento de verbas publicitárias oriundas de órgãos públicos vinculados ao governo estadual, sendo o mais notório as Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig).
A cúpula do PSDB está empenhada em encontrar uma saída menos traumática para a crise incrementada pelas últimas declarações do político mineiro, que só fazem aumentar a intensidade da fervura.
De acordo com as investigações da PF, a campanha de Azeredo pela reeleição movimentou mais de três vezes os R$ 8,5 milhões declarados à Justiça Eleitoral, havendo quem aposte que o custo final se aproximou dos R$ 100 milhões. O silêncio tradicional dos mineiros se tornou uma gritaria infernal.