Uma guinada de última hora mudou por alguns dias, talvez em definitivo, o rumo dos debates sobre a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados, disputada voto a voto pelo atual presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e pelo oponente Arlindo Chinaglia (PT-SP), ambos com o apoio encabulado do Palácio do Planalto. A sacudida deu-se na quarta-feira, com o lançamento da candidatura alternativa do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
O nome de Fruet surgiu do consenso do grupo de 30 parlamentares independentes – que não estão sozinhos – pertencentes ao PSDB, PPS, PSB e PV e que, a partir de agora, começam a trabalhar com maior intensidade no interior de suas bancadas e nas demais, a fim de conquistar apoios para a eleição do candidato alternativo. Conhecedores dos assuntos internos do Congresso garantem que, mantida a candidatura Fruet, o presidente da Câmara somente será conhecido após a realização do segundo turno.
A certeza da mudança de intenções se fortaleceu com a opinião manifestada pelo governador José Serra, o mais importante do PSDB, a quem passou a ser inconcebível a idéia de a bancada federal marchar com outro candidato que não seja o deputado paranaense.
O líder Jutahy Magalhães Júnior, que assumira em nome da bancada, sem consultá-la, o compromisso de votar em Chinaglia, foi pego no contrapé e já marcou para a próxima terça-feira, 23, uma reunião em Brasília para afinar a orquestra tucana, sobretudo depois da bronca do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da governadora gaúcha Yeda Crusius.
Uma definição fundamental para a evolução da candidatura de Gustavo, admitida pelo próprio como uma ação em favor da Câmara e não meramente uma anticandidatura, será o posicionamento do governador Aécio Neves, que ao lado de Serra havia declinado a intenção de apoiar o candidato do PT, em troca da vice-presidência.
Respeitado por seus pares como um dos mais eficientes e honrados quadros do parlamento, numa época de tantos vendilhões agindo à luz meridiana, Gustavo Fruet se impõe pelo estilo de fazer política com dignidade e, sobretudo, por resgatar, em hora oportuna, as tradições de grandeza moral que marcam a história da instituição.
