O secretário de Política Nacional de Transportes, José Augusto Valente, defendeu ontem (27) a atuação do governo federal na manutenção das rodovias e disse que 80% das cargas e passageiros que transitam pelo País passam por estradas boas ou ótimas. ?As rodovias que estão em piores condições são as que têm menor fluxo, como a Manaus-Boa Vista, por exemplo?, afirmou numa reação à reportagem do Estado que mostrou a má situação das estradas federais apesar dos investimentos do governo.
Valente se baseou em dados da Pesquisa Rodoviária 2007 da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) para argumentar que o principal problema não são os buracos, mas sim a geometria das estradas – problemas de traçado, como curvas fechadas e pistas estreitas.
?A pesquisa da CNT indica que só 10% das estradas avaliadas apresentam buracos?, disse. Valente calculou a média das notas atribuídas às 107 rodovias analisadas e afirmou que a maior nota 79,4 (em uma escala de 0 a 100) foi justamente a do pavimento das pistas. A sinalização recebeu nota 71 e a geometria das vias teve nota 63,6.
Valente e o diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Mauro Barbosa da Silva, também alegaram que o governo está empenhando quase a totalidade da receita da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) na área de transportes. Segundo Valente, em 2005 e em 2006 o governo destinou ao setor 87% dos recursos arrecadados com a Cide (R$ 7,5 bilhões).
Valente ressaltou também que a lei que criou a Cide estabelece dois outros usos para seus recursos: investimentos em projetos ambientais e para amortecer as variações de preço do óleo diesel. Segundo Barbosa, o governo deverá editar medida provisória para postergar, por mais um ano, o prazo para conclusão do processo de transferência aos Estados de 14,5 mil quilômetros de rodovias federais, iniciado no fim de 2002.