32 mil escolas públicas ofertam matrícula para crianças especiais, informa MEC

Mais de 118 mil crianças portadoras de necessidades educacionais especiais foram matriculadas nas escolas nos últimos dois anos. De acordo com a secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC), Cláudia Dutra, 34,4% dos alunos que necessitam de uma educação especial e que freqüentam a escola estão em classes comuns do ensino regular. Para Cláudia, a escola pública tem um papel fundamental na expansão do acesso a todas as crianças no ensino regular.

"Hoje são 32 mil estabelecimentos públicos de ensino que ofertam matrícula para crianças que têm necessidades educacionais especiais. Pelo menos 57% das matrículas estão nas escolas públicas. Cada vez mais as políticas públicas devem estar voltadas para preparar as suas escolas e resgatar uma situação em que as crianças e adolescentes não tiveram acesso e os professores não tiveram acesso, em sua formação inicial, ao conhecimento sobre as necessidades e o atendimento a esses alunos", destacou.

Segundo Cláudia, é a terceira vez que o MEC realiza um seminário reunindo gestores das secretarias municipais de educação que integram os municípios-pólo (reúnem diversas cidades). Ao fim do encontro, os gestores retornam às suas áreas de atuação e organizam cursos. Em todo o país, mais de 23 mil professores já participaram desses cursos ministrados pelos gestores.

"No país, existem crianças, jovens, adolescentes e adultos que não tiveram direito de acesso à educação, em virtude do fato da escola não estar preparada para atender a todas as crianças. A política nacional é sem dúvida a implementação de uma educação para todos, que significa não excluir ninguém da escola. Apoiar as escolas no seu processo de formação continuada dos professores altera uma situação que é a do não acesso e da não qualidade. Significa a melhoria da qualidade de educação para todos", afirmou.

Durante a abertura do Seminário Nacional de Formação de Gestores e Educadores, que acontece no Hotel Saint-Paul, em Brasília, até a próxima sexta-feira, o ator e cantor Gabriel da Cunha, o Gabrielzinho do Irajá, deu entrevistas e cantou. Gabriel, que é portador de deficiência visual adquirida ainda na incubadora, estuda no Rio de Janeiro em uma escola de ensino regular.

"Eu estou na segunda série. Minha escola é muito boa, tenho muito amigos, me divirto muito e ali posso fazer tudo o que eu quiser. Minha escola é uma escola que está preparada para receber crianças com a minha deficiência e com outras deficiências", disse Gabriel, que tem nove anos.

Além dos cursos ministrados aos professores, o secretário-adjunto do MEC Ronaldo Teixeira disse que os portadores de necessidades educacionais especiais passarão a ter à disposição um curso superior bilíngüe de português-libras, a ser lançado na próxima semana, bem como um livro didático em braile.

"Há o nosso esforço e projeção para até 2006 termos a universalização do livro didático em braile. Além disso, estamos, junto ao Ministério do Planejamento, estudando a criação dos cargos de tradutor-intérprete em libras, para que possamos ter formação adequada em nível superior para este nível de atendimento", afirmou Teixeira.

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