2005 pode fechar com o menor IGP-DI da história

Rio – A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que reajusta a tarifa de telefone, recuou para menos da metade, de outubro para novembro. Influenciado pela perda de fôlego nos aumentos dos preços dos combustíveis, o indicador subiu apenas 0,33% no mês passado, ante 0,63% em outubro. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o resultado comprova o momento favorável da inflação. A instituição não descarta a possibilidade de todas as taxas anuais dos IGPs encerrarem 2005 como as menores de suas respectivas séries históricas. Até novembro, o IGP-DI acumula taxas de 1,16% no ano e de 1,68% em 12 meses.

Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o IGP-DI de dezembro pode fechar abaixo de 0 53%. Isso é suficiente para que a taxa anual seja a menor de sua história – iniciada na década de 40. Atualmente, a menor taxa desse indicador é a de 1998 (1,70%). De uma maneira geral, se os indicadores IGP-M (iniciado em 1989) e IGP-10 (iniciado em 1993) se posicionarem em dezembro abaixo de 0,50%, também podem encerrar o ano no menor nível de suas séries.

Ao falar sobre o cenário da inflação em dezembro, o economista comentou que a situação é de "grande tranqüilidade". O recuo nos preços dos combustíveis e lubrificantes (de 4,83% para 0,56%), de outubro para novembro, puxou para baixo a inflação do atacado – cujos preços subiram apenas 0,24% em novembro, ante 0,79% em outubro. "Esse comportamento dos combustíveis faz uma diferença brutal na formação da inflação no atacado", disse, não descartando recuo semelhante nos preços desses produtos, em dezembro.

O impacto da elevação mais fraca preços no atacado – de maior peso na formação do IGP-DI – também conteve a alta nos preços do varejo, de outubro para novembro (de 0,42% para 0,57%) que aceleraram em razão da inflação alta nos alimentos (1 42%).

A FGV anunciou ainda o resultado do núcleo da inflação do varejo, que exclui as principais quedas e as mais expressivas altas de preço. Em novembro, o núcleo subiu 0,31%, ante 0,37% em outubro. Para Quadros, esse bom resultado do núcleo, um indicador de tendência, será visto favoravelmente pelo Banco Central em sua decisão de dar continuidade à redução da taxa básica de juros (Selic).

PIB

Para Quadros, não está claro se houve exagero no aperto da política monetária este ano – apontado por muitos especialistas como o grande responsável pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Segundo ele, pode ter ocorrido um ajuste nos estoques da indústria, que levou ao recuo do PIB.

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