O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), reabriu a sessão que vai eleger o novo presidente da Casa. Antes da votação, os dois candidatos que disputam o segundo turno tiveram dez minutos cada um para discursar. O primeiro a subir à tribuna foi o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh, seguido por Severino Cavalcanti (PP-PE).
Logo após a proclamação do resultado do primeiro turno, os dois candidatos saíram a procura de votos. Por mais de uma hora, Severino Cavalcanti percorreu todas as lideranças de partidos e tentou convencer o candidato derrotado Virgílio Guimarães (PT-MG) a declarar apoio ao seu nome. "Preciso de votos", repetia insistentemente Severino Cavalcanti aos jornalistas.
Ao mesmo tempo, João Paulo Cunha, líderes governistas e o presidente nacional do PT, José Genoíno, também procuraram Virgílio Guimarães. O candidato petista derrotado no primeiro turno, no entanto, não declarou apoio a nenhum dos dois concorrentes neste novo pleito. Ele esteve reunido por mais de uma hora com o movimento Câmara Forte, que lhe deu apoio na disputa, mas evitou falar publicamente sobre o resultado das conversações.
Não só os candidatos saíram a campo, mas todos os coordenadores de campanha partiram em grupo para tentar conseguir os votos dos eleitores de Virgílio Guimarães e José Carlos Aleluia (PFL-BA), que ficou em quarto lugar no primeiro turno. Os ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Aldo Rebelo (Articulação Política) também trabalharam nos bastidores na tentativa de eleger Greenhalgh. "Eu não sou salvador da pátria. Vim trabalhar para unificar o PMDB e garantir votos no segundo turno. Agora, é juntar a base e vencer", disse o ministro das Comunicações.
Em oposição ao ministro das Comunicações, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) trabalhou para eleger Severino Cavalcanti. Ele prometeu pelo menos 45 votos peemedebistas para o candidato do PP. "A nossa orientação é que o nosso grupo do PMDB vote no Severino", disse Garotinho.
O líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), acredita que placar do primeiro turno foi uma resposta do Congresso ao governo federal. "Era esperado um resultado melhor para o Greenhalgh", ressaltou. Os líderes governistas contabilizavam pelo menos 260 votos para o candidato oficial, que acabou recebendo 207 votos no cômputo geral. O presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR), admitiu que o governo saiu derrotado ao não conseguir aprovar Greenhalgh no primeiro turno. "Pelo número de líderes que declarou apoio ao nosso candidato, o desempenho foi aquém. As pessoas declararam uma coisa e votaram outra", disse.
O candidato José Carlos Aleluia (PFL), quarto colocado no primeiro turno, afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi derrotado na Câmara e que esse era o objetivo da Oposição. "A ida do deputado Severino para o segundo turno foi uma derrota do governo. O Congresso demonstrou que não está amarrado ao Executivo".