O Programa Mundial de Alimentação (PMA) das Nações Unidas (ONU), que ajuda crianças na Etiópia, estimou em comunicado divulgado nesta terça-feira (20) que 126 mil delas precisam de comida e tratamento médico com urgência, por causa de grave desnutrição. A atual situação foi qualificada como "a pior desde a grande crise humanitária de 2003". A entidade estima que 2,7 milhões de etíopes precisarão de auxílio alimentar por causa da falta de chuvas – o número é quase o dobro daqueles que necessitavam dessa ajuda no ano passado. Outros cinco milhões dos 80 milhões de habitantes do país recebem ajuda todo ano, pois não têm comida suficiente, sejam as colheitas boas ou ruins.
Muitas mães etíopes dizem que suas famílias tentam sobreviver com um pão grudento e duro feito da raiz da planta conhecida como "banana postiça". Essa é uma das muitas plantas selvagens de que os etíopes dependem nos momentos de crise. Funcionários locais e estrangeiros de entidades encarregadas do auxílio e funcionários de saúde afirmam que entre 10% e quase 20% das crianças do país são subnutridas, 15% delas em situação crônica. A desnutrição crônica pode afetar crianças pela vida toda, prejudicando seu crescimento, desenvolvimento do cérebro e sistema imunológico.
As secas prejudicam muito o país, pois 80% da população local vive da terra, e a agricultura é o principal motor da economia nacional – 50% da produção doméstica e 85% das exportações. Mas muitos também sofrem com o governo, que compra grãos de fazendeiros a preços fixos e baixos. E o governo é dono de todas as terras, portanto elas não podem ser usadas para garantir empréstimos, por exemplo.