Zona portuária de Belém é cenário de ‘O Navio Fantasma’

O cenário é o mar do Norte. Durante uma terrível tempestade, um marinheiro evoca a imagem de Satã – e, como punição, é forçado a vagar eternamente pelos mares, podendo aportar de sete em sete anos. Há apenas uma maneira de livrar-se da maldição: encontrar uma mulher que o ame de forma incondicional.

É possível que a ideia de criar uma ópera a partir dessa premissa tenha mesmo ocorrido a Richard Wagner durante uma difícil travessia de navio entre Riga e Londres em 1839, mas o próprio compositor reconheceria mais tarde que a base para O Navio Fantasma (ou O Holandês Voador) foi Das Memórias do Senhor de Schnabelewopski, de Heinrich Heine.

Wagner eliminou o elemento satírico do livro e reescreveu o final – o que lhe permitiu abordar temas caros, como a redenção por meio do amor. Ainda assim, em sua montagem para o Festival do Theatro da Paz, em Belém, o diretor Caetano Vilela optou por voltar ao original de Heine e dele extrair elementos a serem retrabalhados em sua concepção.

O primeiro deles, retratado durante a abertura, é a tentativa de suicídio da jovem Senta. O segundo é o estabelecimento de um jogo de espelhos entre ela e o Holandês. Os dois, afinal, na esperança que nutrem pelo encontro do amor (assim como nas expectativas que nele depositam), compartilham o mesmo mundo de fantasia.

Tudo isso – e aqui entra outro aspecto da concepção cênica de Vilela, diretor no Brasil da Companhia Ópera Seca, grupo criado por Gerald Thomas – se dá em um armazém de uma região portuária. Os figurinos evocam o universo grunge, e paredes de contêineres estão repletas de pichações no alfabeto rúnico que, segundo explicou o diretor em entrevista à reportagem em julho, guarda semelhança com pichações dos prédios paulistanos.

O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA ORGANIZAÇÃO DO FESTIVAL

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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