Zélia Duncan tem notoriamente uma estreita relação com os compositores paulistanos. Ainda morando em Brasília, por intermédio do irmão mais velho, ela conheceu a música daqueles revolucionários nomes do underground de São Paulo das décadas de 70 e 80, como Arrigo Barnabé, Luiz Tatit, Itamar Assumpção e Grupo Rumo. “Sons estranhos que vinham de São Paulo”, descreve Zélia durante o espetáculo. Ela começou, então, a investigar “aquele mundo”. Assumpção foi homenageado por Zélia no disco Tudo Esclarecido. A obra de Luiz Tatit, que, por sinal, foi um dos integrantes do Rumo, é revisitada pela cantora no belo espetáculo Totatiando, que iniciou sua jornada em 2011 e reestreia nesta terça, 11, (com ingressos esgotados) em São Paulo, no Teatro Porto Seguro. A temporada se estende até 27 de outubro, todas as terças-feiras.

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Em Totatiando, Zélia dá tom dramatúrgico às composições de Tatit. Para lançar esse olhar ‘teatral’ sobre o espetáculo, ela convidou a atriz e sua amiga Regina Braga para assumir a direção. As canções de Tatit foram pensadas para contar histórias, compor personagem. Zélia pensou na imagem de um poeta nerd da escola que gosta da mulher mais linda, mas que ele nunca vai ter. Como no bloco das mulheres, que fala de Sofia (em Haicai), de Matilde (em Banzo), de Odete (em Olhando a Paisagem) e de Vera (em Época de Sonho).

No palco, Zélia Duncan é a cantora que também atua. Movimenta-se pelo espaço, interfere em seu figurino, declama, canta. Pode ser dramática e também bem-humorada. Para ela, o campo da interpretação não é desconhecido por completo, já que, quando chegou ao Rio, no final dos anos 1980, jovenzinha, entrou para o curso de teatro na renomada Casa das Artes das Laranjeiras, a CAL. Não que, à época, Zélia estivesse em dúvida em relação ao caminho profissional que seguiria. Pelo contrário. Ela costuma contar que já sabia que queria ser cantora, mas achava que aquela experiência na atuação iria ajudá-la no ofício que escolhera.

“O Totatiando é uma das coisas que mais me fazem feliz na vida, mas tenho medo e preciso desse medo”, diz Zélia, que, na apresentação, é acompanhada de dois músicos. “Era um grande perigo pra mim, porque me coloco ali como uma atriz. Então, de cara, quando fomos falar do espetáculo, não sabíamos dizer se era teatro ou música. Até hoje a confusão perdura. Acho que é teatro, mas que não existiria sem aquelas músicas, aquelas palavras do Tatit. Foi uma coisa inventada por mim e pela Regina Braga. Vi muita gente se emocionar com esse espetáculo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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